sábado, 11 de dezembro de 2010

Inflação e Superaquecimento Ameaçam Economia Chinesa

Por Marco Aurélio

Na hora de avaliar o estado da economia chinesa, três dados interessam a Li Keqiang, chefe do Partido comunista da China e provável sucessor de Wen Jiabao, atual primeiro-ministro.

Graças a um dos documentos diplomáticos dos EUA vazados pelo WikiLeaks de Julian Assange, o mundo ficou sabendo que, em um jantar recente com o embaixador dos EUA, Keqiang afirmou que, para saber a real situação da economia do país, bastam três indicadores: consumo de energia elétrica, volume de carga transportado por ferrovias e concessão de crédito por bancos. O resto, disse, incluindo o PIB, são dados, em suas palavras, que não merecem muita confiança.


Hoje, Keqiang com certeza também presta atenção à impressão de dinheiro que tomou conta da economia americana. A inflação tornou-se o principal produto de exportação dos EUA. Como explica Chris Mayer, do The Daily Reckoning:
Hoje, a inflação está na boca de todo mundo... na Ásia. Com o presidente do Fed, Ben Bernanke, permanentemente ocupado em injetar dinheiro na base monetária dos EUA para combater o que ele percebe ser uma ameaça deflacionária, acaba-se por colocar pressão sobre as economias no exterior, que se vêem obrigadas a imprimir dinheiro no mesmo ritmo. Querem evitar que suas moedas apreciem contra o dólar, tornando-se menos "competitivas". A mecânica por trás de tudo isso é um pouco complicada, mas o resumo da ópera é que os EUA estão "exportando inflação".

Esse tópico importante chegou aos prinicipais jornais ontem na seção Money & Investing do The Wall Street Journal. O jornal publicou dados sobre as taxas de inflação oficiais das maiores economias de mercados emergentes da Ásia.

A Índia lidera o grupo com uma taxa oficial de inflação de 8,6%. Nesse ritmo, os preços dobram na Índia em menos de nove anos. A Indonésia está em 5,8%, a China, em 4,4% e a Coréia do Sul, em 4,1%. São números acima das expectativas – e estão aumentando. Os investidores temem que os bancos centrais desses países apertem as atuais políticas monetárias liberais para tentar controlar a inflação.

Ao fazer isso, os investidores mostram uma preocupação com a possibilidade de desaceleração ou mesmo retração no crescimento econômico. Isso teria um grande impacto sobre os mercados de ações em todo o mundo, já que a maior parte do crescimento que as empresas obtiveram no ano passado veio dos mercados asiáticos. Afinal, os preços das commodities, que têm feito a alegria de muitos  investidores, foram impulsionados, em boa parte, pela demanda crescente de lugares como a Ásia.

A China já está ocupada tentando conter os aumentos de preços. Implementou controles – que nunca funcionam. Também tentou aumentar as reservas compulsórias de seus bancos, forçando-os, essencialmente, a manter mais em reservas e a emprestar menos.
De fato, o aquecimento na economia chinesa, bem como a inflação resultante, é uma preocupação central das autoridades. Sabem de seu potencial para causar distúrbios sociais em um país com oito cidades com uma população superior a 10 milhões e 221 cidades com mais de um milhão de habitantes.

No final dos anos 80, a inflação era o problema mais sério da economia chinesa. De um nível de 7,3% em 1987, a taxa saltou para 18,5% em 1988. O caos econômico do período foi uma das forças por trás do massacre da Praça da Paz Celestial de junho de 1989, quando milhares de chineses – principalmente estudantes – foram mortos pelo Exército Vermelho.

Zero Hedge confirma o aquecimento na economia chinesa:
Os índices de preços aos consumidores e aos produtores acabam de ser publicados: o IPC chegou a 5,1%, em linha com as expectativas do mercado, mas acima do consenso oficial de 4,7%. De longe, foi o número mais alto em mais de dois anos. O IPP excedeu a expectativa em 100 pontos-base, cravando 6,1%, em comparação com a expectativa de 5,1%. Esses "dados" devem ser suficientes para anular o impacto da elevação das taxas de reservas compulsórias de ontem à noite e forçar o banco central chinês a aumentar a taxa de juros. Se o banco central chinês não agir, vale perguntar por que o Politburo permitiria a divulgação de dados que apenas colocam ainda mais lenha no fogo do pavor inflacionário chinês.

Os preços ao consumidor subiram 5,1% ante o ano anterior, impulsionados pelos custos de alimentos, de acordo com um relatório do gabinete de estatísticas publicado hoje em Pequim. Isso foi acima da previsão média de 4,7% feita pela Bloomberg News em enquete com 29 de economistas. Em outubro, a inflação foi de 4,4%.

A alta nos preços ao consumidor e os grandes fluxos de capital na economia que mais cresce no mundo podem levar o banco central a estender o aumento de outubro nas taxas de referência – o primeiro desde 2007. O Banco Central chinês elevou ontem as reservas compulsórias para os bancos pela terceira vez em cinco semanas, a fim de retirar dinheiro do sistema financeiro.

"A justificativa para uma elevação das taxas para ajudar a gerenciar as expectativas de inflação agora é indiscutível", disse Wang Tao, um economista de Pequim baseado no UBS AG, antes do anúncio de hoje.

A China, que ultrapassou o Japão como a segunda-maior economia do mundo no segundo e terceiro trimestres deste ano, está atrás de países asiáticos como a Malásia e a Coreia do Sul na elevação de custos de empréstimos.

O relatório de hoje mostrou que o  crescimento da produção industrial chinesa acelerou para 13,3% no mês passado em comparação com o ano anterior. O número excedeu a estimativa mediana dos economistas de 13%.

As vendas no varejo subiram 18,7%. Investimentos em ativos fixos urbanos aumentaram 24,9% nos 11 primeiros meses de 2010 ante o ano anterior, ultrapassando a estimativa dos analistas de um ganho médio 24,3%.

O relatório também mostrou que os preços aos produtores subiram 6,1% em novembro ante o ano anterior, superando a previsão mediana de analistas de 5,1%. Os custos das matérias-primas como cimento, aço, combustível e algodão tiveram um salto, como mostra um levantamento dos gerentes de compras de 1 de dezembro.

Capital Economics Ltd., com sede em Londres, disse ontem que um aumento da taxa, após uma reunião de altos funcionários do governo chinês para discutir política econômica em Pequim neste fim-de-semana, "não pode ser descartada". O Politburo já anunciou oficialmente que o país vai mudar no próximo ano para uma política monetária mais apertada e "prudente".

A taxa de depósito de referência de um ano está em 2,5%, inferior ao ritmo da inflação, e a taxa para empréstimos está em 5,56%. O índice de ações Shanghai Composite caiu 10% de seu ponto alto de 8 de novembro, aumentando as perdas no ano para 13%. A queda foi movida pela preocupação de que um aperto na política monetária reduzirá o crescimento econômico e os lucros.

"A inflação está se tornando o principal desafio para o governo nos próximos meses. Faz sentido que pensem em remédios mais fortes", disse Brian Jackson, um analista baseado em Hong Kong do Royal Bank of Canadá, antes da divulgação dos dados de hoje. Esses remédios podem incluir um ritmo mais rápido de valorização do yuan, bem como taxas mais elevadas no final do ano, disse.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Mercados Emergentes e Commodities: O Verdadeiro Destino do Estímulo do Governo dos EUA

Por Marco Aurélio  

O Brasil tem se beneficiado com a generosa política monetária e fiscal dos EUA. O tsunami de liquidez liberado por Washington tem elevado o preço da soja, do algodão, do açúcar e do milho, de terras agrícolas no sertão da Bahia, e também de minérios e petróleo. Tem inflado os papéis de empresas como Vale e Petrobras, que, juntas, representam mais de 20% do índice BOVESPA BM&F.

A gigantesca onda de liquidez americana tem enchido os cofres dos estados e municípios que produzem esses produtos, enriquecendo seus habitantes e funcionários públicos, que disparam a correr atrás de novos imóveis, carros maiores e Jumbo Grills 6 Hambúrgueres George Foreman. Tem igualmente beneficiado as indústrias de transformação, que processam o minério de ferro e o transformam em aço, que em seguida é comprado pela Ásia, que o usa para construir projetos megalomaníacos nas bolhas imobiliárias de Dubai, Cingapura e Xangai.

Quando qualquer um desses componentes parar, ou mesmo desacelerar, cuidado. Para uma pulga no rabo do cachorro, pode parecer que é o cachorro que está balançando. Mas esse nunca é o caso, como explica o grande Bill Bonner.

***
Bill Bonner
The Daily Reckoning


(12/08/10 Melbourne, Austrália) - "Era uma dívida de honra, assim chamada, que eu tinha que pagar, e usei dinheiro que não o meu próprio para fazê-lo, na certeza de que poderia devolvê-lo antes que houvesse qualquer possibilidade de darem por sua falta. Mas uma terrível má-sorte se me acometeu. O dinheiro com o qual havia contado nunca veio a ser, e uma análise prematura das contas expôs minhas subtrações.

O caso poderia ter sido tratado com clemência, mas as leis eram mais duramente aplicadas há trinta anos do que agora, e no meu vigésimo-terceiro aniversário encontrei-me preso como um criminoso, juntamente com trinta e sete condenados, entre os conveses do barco Gloria Scott, rumo à Austrália."

- Sir Arthur Conan Doyle, As Aventuras de Sherlock Holmes

Imagine ir da Inglaterra à Austrália em um veleiro, acorrentado "entre os conveses". Certamente, a chegada aqui era motivo de grande júbilo para os condenados.

Imagine ser enviado para a Austrália por não pagar uma dívida (mesmo uma que nunca foi pretendida pelo credor)! Tal perspectiva, com certeza, desencorajaria qualquer um de gastar dinheiro que não lhe pertence!

Era um mundo mais severo, aquele do ano de 1855. As "leis eram mais duramente aplicadas" naquela época.

Agora, as leis não são aplicadas de forma alguma. Os culpados estão de rabo tão amarrado com o Governo que seria preciso um marinheiro especialista em nós para soltá-los. Os bancos parecem ter o dinheiro dos contribuintes à sua disposição imediata. 24 horas por dia, sete dias por semana. É só abrir e fechar uma torneira. E o Governo gasta dinheiro que não é seu ... e promete devolvê-lo antes que alguém dê pela falta. Mas esse dinheiro nunca chegará a suas mãos. Um exame das contas do Governo expõe um déficit imenso - cerca de 20 vezes a produção anual total do setor privado dos Estados Unidos.

E chega a nós de Washington a notícia de uma acordo, fechado ontem. Os ricos podem ficar com seu dinheiro por mais dois anos. E os pobres ficam com mais 13 meses de seguro-desemprego.

Uma situação na qual todos ganham, não?

Você só pode estar brincando. As contas do Governo mostram um déficit de USD 1,3 trilhão. Cortes de impostos e gastos adicionais significam que todos perdem...

Mas, ora bolas, por que não? Vamos dar a todos um presente de Natal – quer caiba em seus bolsos ou não! O mercado de ações provavelmente vai subir hoje. Os jornais trazem a notícia de que a extensão dos cortes fiscais da Era Bush pode ser exatamente o remédio para os males da economia. Talvez não precisemos de mais estímulo. Porque se os ricos puderem contar com as mesmas taxas de imposto no próximo ano ...

... Que poderá decorrer disso? Mais investimentos? Sim ... na Índia! E na China! E em commodities! E até mesmo em ouro!

Sim, é aí que o estímulo tem desembocado, até agora.

Neste momento, não gostamos da cara das coisas. Deste mercado. Desta economia. Ou desta situação política.

Não gostamos nem da mais minúscula parte. A coisa toda é baseada em fraudes, excessos, exageros e e alucinações.

Então hasteamos a nossa "Bandeira de Alerta", para avisar os incautos sobre um crash iminente.

O mais provável, claro, é que ela não será necessária. As coisas normalmente seguem em frente, de maneira confusa, incerta e lenta. Vão fazê-lo de novo, provavelmente, como fizeram no Japão, no período de 1990 a 2010 ... ou na Grã-Bretanha, do final da Segunda Guerra Mundial até os anos de Thatcher. Uma economia morosa ... elevadas taxas de desemprego ...  preços de imóveis em queda ... e intervenção governamental equivocada.

Devemos ver uma queda nos preços das ações também. Já faz doze anos que os investidores não ganham dinheiro com ações ... com a diferença de que os papéis estão ainda mais caros hoje. Gostaríamos de ver seus preços cair para cerca de 50% a 70% dos níveis atuais. Então, talvez, possamos nos animar com a idéia de investir neles. Da forma como está, presumimos que ainda não encontraram seu ponto mais baixo. Até que esse momento passe, ainda estará por vir.

Dar bons conselhos financeiros é realmente fácil.

Adquira investimentos que estão subindo.

"Mas e se não continuarem a subir?" você pergunta.

Então não os compre.

Viu como é fácil?

Bill Bonner
The Daily Reckoning

Duas Possíveis Razões para o Aumento nas Taxas das Notas de 10 Anos do Tesouro dos EUA

Por Addison Wiggin
The Daily Reckoning

Postado por Marco Aurélio

(8/12/10, Baltimore, EUA) – Acho que não era isso que o Bernanke estava esperando quando iniciou mais uma rodada de dinheiro fácil, há cinco semanas.

É verdade que o Bernanke prometeu baixar as taxas de juro de longo prazo. Mas, esta manhã, o rendimento de um título do Tesouro de dez anos bateu seu nível mais alto em seis meses: 3,28%.

Bernanke: Tiro pela Culatra
 Taxas de Notas do Tesouro de 10 Anos em Nível Mais Alto desde Maio

Há duas explicações possíveis ... uma inocente, e uma mais provável.

A inocente, empurrada pelo Deutsche Bank, foca os cortes nos impostos sobre a folha de pagamento, parte da Grande Negociação entre o Obama e os republicanos no Congresso. O Deutsche Bank calcula que isso vai acrescentar 0,7% ao PIB durante os próximos dois anos.

Mas a explicação mais provável é evidente até mesmo para os analistas meio lentos da Moody's e Fitch: a Grande Negociação só vai enfiar o governo dos EUA em um buraco ainda mais fundo.

As agências de rating avaliam que, se cortes de gastos não fizerem parte do negócio, o compromisso entre Obama e o Congresso vai adicionar mais USD 1 trilhão à dívida nacional - muito além de qualquer coisa já foi precificada pelo mercado.

O Tesouro dos EUA planeja leiloar USD 21 bilhões em notas de 10 anos hoje. Vai ser interessante ver o resultado.

Mas será que é para alguém ficar surpreso? Depois que Bernanke lançou a primeira rodada de "flexibilização quantitativa", em março de 2009, a taxa sobre os títulos de 10 anos pularam de 2,5% para mais de 4% em três meses.

Nossa previsão: esperem 4% no início de fevereiro. E vamos além.

"Toda corrida chega a um fim", diz Jim Nelson, nosso especialista em investimentos. "Em 17 de novembro, essa verdade se afirmou no mercado de fundos de renda fixa. Foi a primeira semana, entre as 100 anteriores, que viu uma saída líquida de dinheiro.

"Os investidores, depois de quase dois anos de adquirir títulos como loucos, estão finalmente desconfiados sobre o futuro dos títulos."

Mudança na Maré?
Fluxos Líquidos em Fundos de Títulos (Bilhões de USD)

Essa saída continuou na semana que terminou em 1 de dezembro, de acordo com um relatório de analistas da EPFR Global. Poucos setores foram poupados ...

    * Os fundos de títulos globais sofreram a sua segunda-maior saída em 3 semanas.
    * Os resgates em fundos de alto rendimento atingiram o nível mais alto em seis meses.
    * Os fundos de títulos de mercados emergentes viram duas semanas consecutivas de saídas, pela primeira vez desde abril de 2009.

Não faltam razões para isso, diz Jim.
Podemos começar com o QE2 ... e acrescentar as preocupações associadas com o enorme pacote de socorro financeiro para a Irlanda ... e adicionar o fundo de resgate permanente para a zona do euro. E qual é o resultado? Investidores apavorados e confusos.
Isso não quer dizer que eles não vão esquecer isso em poucos dias e voltar, de forma maciça, para os fundos de títulos. Mas se este agora é um verdadeiro ponto de virada, poderemos em breve ver algumas oportunidades de desconto - algo que não vimos há um bom tempo.
Mas, mesmo enquanto o resto do mundo se debate com questões difíceis, a gente se encontra em uma posição privilegiada. Temos uma série de possibilidades de investimento sólidas e subvalorizada, com uma abundância de capital próprio e dividendos crescentes".
Ah, os dividendos. Serão a chave para investidores focados em renda, caso o mercado altista (bull market) de 28 anos em títulos tenha realmente acabado. 

Pelo menos esse mérito o Grande Negócio do Obama com o Partido Republicano possui: não vai mexer com a taxa de imposto sobre o rendimento de dividendos – pelo menos por mais dois anos.

Addison Wiggin
The Daily Reckoning

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

John Williams: "Haverá um Pânico no Dólar e Hiperinflação nos EUA nos Próximos 6 a 9 Meses"

Por Marco Aurélio

"Uma meia-verdade é uma mentira inteira."
Ditado iídiche

John Williams é o fundador e presidente de Shadow Government Statistics. Seu trabalho consiste em "expor e analisar falhas nos dados e relatórios do governo dos EUA, bem como de certas organizações do setor privado". Além disso, Shadow Stats "fornece uma avaliação de fundamentos econômicos e financeiros, livres dos exageros e distorções da política e da mídia corporativa."

Os dados e estatísticas publicados por Williams têm sido essenciais para determinar, com algum grau razoável de precisão, o estado real da maior economia do mundo. Quem acompanha a política e a economia dos EUA sabe que, há muito, o governo americano abriu mão de qualquer pretensão de transparência e honestidade na divulgação de números estatísticos. Dados relativos à inflação, o montante real de obrigações previdenciárias a descoberto, a taxa de vazamento do poço da BP no Golfo do México, indicadores de diversos mercados – todos esses números são torturados para que digam o que o governo dos EUA quer ouvir. Sofrem com artifícios semânticos, omissões, meias verdades e mentiras deslavadas, que tornam a leitura de qualquer jornal da Grande Mídia americana uma experiência parecida com assitir à televisão na China, ler o Pravda nos dias da União Soviética ou folhear as páginas de Veja.

Zero Hedge comenta a entrevista concedida por John Williams à BNN (Business News Network). Diz:
Williams segue a economia americana como se fosse uma empresa pública auditada segundo o GAAP (nota: com certeza, Zero Hedge se refere aos auditores de antigamente, e não aos de hoje). Diz que, ao contrário de Ben Bernanke, tem certeza absoluta de que "mais cedo ou mais tarde, haverá uma depressão hiperinflacionária". Explica: 
O déficit anual está entre USD 4 trilhões e USD 5 trilhões – isso inclui a variação ano-a-ano dos passivos a descoberto ... Não há vontade política para lidar com isso.
O catalisador de uma crise é bem conhecido dos leitores de Zero Hedge:
Quando tivermos uma venda do dólar movida a pânico, é aí que teremos que ter muito cuidado. Mas, só com o que já foi feito com o dólar até agora, tivemos um salto no preço do petróleo e de outras commodities.
Perguntado por que Bernanke não vai conseguir fazer o que Paul Volcker, ex-presidente do Fed, fez no início da década de 1980 (1), a explicação de Williams se concentra no tamanho dos déficits na balança e no orçamento do governo, muito maiores hoje do que na época de Volcker. Diz que os números não são comparáveis, nem em termos absolutos, nem em termos relativos.
Quando lhe perguntaram especificamente sobre o que os consumidores devem fazer num mundo pós-apocalipse, Williams não se mostrou muito otimista. Ironicamente, observou que:
O Zimbábue, em seu processo hiperinflacionário, pode ter tido sorte por ter o dólar como moeda de troca no mercado negro. Mas os EUA não têm essa facilidade e, por isso, a situação vai ficar muito feia quando os alimentos começarem a desaparecer das prateleiras dos supermercados.
E Williams coloca toda a sua reputação em jogo ao definir um horizonte estreito para o pânico no dólar e o início de um processo hiperinflacionário: "os próximos seis a nove meses".

Para assistir à entrevista com John Williams na BNN, clique aqui ou na imagem abaixo.

(1) Volcker elevou a taxa-meta do Fed (Fed Funds Rate) de uma média de 11,2% em 1979 para 20% em junho de 1981, debelando, com sucesso, um surto inflacionário que levou a taxa a 13,5% por ano em 1981. Em 1983, a taxa de inflação foi de 3,2%. Números pífios para o Brasil, mas traumáticos para os americanos.


No Debate Inflação versus Deflação, Governo Brasileiro Aposta em Inflação

Por Marco Aurélio


Concordo plenamente com ele. A alteração da metodologia de cálculo vai excluir alimentos e energia, como acontece nos EUA, prejudicando uma gama enorme de pessoas (a começar por quem depende de renda fixa). Fábio usa o exemplo de um investimento em Tesouro Direto que pague 5% de juros + IPCA. Um indicador de inflação menor significa um rendimento menor para o investidor - e uma despesa reduzida para o governo. 

Mas o que acho realmente interessante é o timing dessa mudança. Revela muito sobre quem o governo acredita que vai ganhar o debate "inflação versus deflação".

Chris Martenson avisa para não nos deixarmos enganar - a inflação leva vantagem.
Tecnicamente, a inflação e a deflação são termos que indicam uma combinação específica de (1) excesso ou déficit de dinheiro (respectivamente), (2) demanda por dinheiro (do qual a velocidade é apenas uma das medidas), e (3) demanda por vários bens e serviços (a oferta dos quais varia para mais ou para menos).

A razão pela qual o debate sobre inflação versus deflação tem sido tão estridente e, ao mesmo tempo, tão nebuloso é que todas essas variáveis cruzadas têm impacto sobre a equação final.

É como a diferença entre tentar equilibrar um único cabo de vassoura na palma da mão e tentar equilibrar um cabo de vassoura com três dobradiças bem lubrificadas ao longo do seu comprimento. Já é bastante difícil fazer o primeiro; fazer o segundo é quase impossível.

Alguns tentam reduzir o debate de inflação versus deflação a um único cabo de vassoura. Dizem: "O crédito em declínio prova que estamos em deflação!" Mas, na minha opinião, essa é uma visão simplista demais. É preciso ainda considerar a criação da base monetária, a velocidade do dinheiro e a confiança na política monetária, presente e futura, entre a maioria dos participantes do mercado.

Como não podemos realmente conhecer todas as variáveis e a forma como elas interagem, só nos resta olhar o impacto final para descobrir onde estamos. Felizmente, é relativamente fácil fazer isso.

No final das contas, o que nos preocupa é se a nossa renda no futuro vai comprar mais ou menos. Ou se vamos sequer ter renda com a qual nos preocupar.

O argumento a favor da deflação diz que, por causa da queda no crédito, as pessoas vão segurar o dinheiro como se suas vidas dependessem disso, já que não vão ter certeza de que terão mais dinheiro no curto prazo. Nesse caso, a velocidade do dinheiro desacelera e entra em colapso.

O argumento a favor da inflação inclui a idéia de que as dívidas existentes são uma forma de dinheiro e que os bancos centrais do mundo estão imprimindo dinheiro novo, em quantidades mais do que suficientes, tanto para inundar os mercados de commodities quanto para vencer as preferências das pessoas por segurar algo que pode ser criado sem qualquer esforço ou custo.

Muita gente, tanto no campo inflacionista quanto no campo deflacionista, diz que os preços não merecem ser objeto de análise, porque são o resultado, não a causa, de qualquer das duas "flações". Mas seria um erro ignorar os preços simplesmente porque representam o passageiro, não o motorista, nessa história. Saber aonde o passageiro vai pode dar uma boa indicação de aonde o motorista está dirigindo. Portanto, é importante ficar de olho nos preços ao availiar o dilema da inflação/deflação.

Preços

A favor da inflação, temos os preços das commodities, que estão se aproximando novamente do seu pico histórico. Têm crescido a uma taxa média anual de pouco mais de 10% na última década.


Mas os preços das commodities parecem agora estar num ponto crítico nesse gráfico de longo prazo. Ou vão decolar, ou vão ser empurrados para trás, criando um topo duplo não muito diferente do que vimos nos mercados de ações dos EUA em 2000 e 2007.

Mesmo assim, as commodities podem cair muito antes de voltar à linha de tendência em vigor desde o início de 2002, quando os preços começaram a ascensão que os levaria, finalmente, a romper a banda histórica.

Sob qualquer ponto-de-vista, dez anos representam um tempo respeitável para avaliar os preços das commodities. Cuidado com quem escolhe o topo de 2008 como ponto de referência, já que fazê-lo significa perder de vista a linha de tendência indicada em azul no gráfico.
Se aceitarmos a premissa de Martenson de que a inflação vai ganhar, uma nova metodologia de cálculo para a inflação brasileira, que produza um número enganosamente mais baixo, vai trazer enormes benefícios para o governo - mas não para mim e para você.

Espírito de Dilson Funaro Baixa em Ben Bernanke

Por Marco Aurélio

O blog da revista InvestMais analisa a queda nos Treasuries em 8/12. Aponta para a decisão do Obama e do Congresso americano de criar ou prorrogar uma série de medidas de estímulo à economia americana como os responsáveis. Segundo o raciocíncio, mais estímulo é igual a um déficit maior - e isso é ruim para os títulos do Treasury.

Mas a tendência mais abrangente ditando o rumo dos Treasuries (e do dólar) é a decisão - que Bernanke já havia deixado clara - de continuar a tirar dólares da cartola. Essa decisão foi reiterada em entrevista ao programa 60 Minutes, da rede CBS, na noite de domingo, 5/12. Bernanke disse que mais flexibilização quantitativa (conhecida pela sigla em inglês "QE" e, aqui no Brasil, pela expressão mais direta "imprimir dinheiro") é, nas palavras do chefe do Fed, "certamente uma possibilidade". Não que ele houvesse dito antes que mais QE NÃO fosse uma possibilidade. No domingo, só tornou a repetir que o Fed tem uma capacidade ilimitada de criar dinheiro do nada - e não tem medo de usá-la.

Assim o Fed e o Treasury de Geithner vão continuar a salvar bancos (Goldman, Merrill, Bank of America, Citi), hedge funds (como Greenspan, antecessor de Bernanke, fez com o LTCM em 1998), seguradoras (AIG), montadoras (GM, Chrysler, Ford), redes de lanchonetes (McDonald's), fabricantes de equipamento militar (GE), países (Irlanda, Grécia), bancos estrangeiros (UBS, Deutsche Bank) e qualquer entidade com caixa suficiente para manter lobistas no grande bazar que é Washington DC. 

Os brasileiros têm uma vergonha despropositada de seus políticos. Ao contrário dos parlamentares americanos, os brasileiros só fazem mal a seu próprio país. Já os primeiros, além de causar estragos nos próprios Estados Unidos, exportam problemas gravíssimos para o resto do mundo - inclusive, evidentemente, para o Brasil. Esses problemas não são tão fáceis de entender, nem tem nomes tão coloridos, como, digamos, o Valerioduto do Mensalão, a Máfia dos Sanguessugas e outros best-sellers da mídia nacional. Mas o estrago é ordens de grandeza maior.

Assim é com o novo QE de Bernanke, (pre/a)nunciado na noite de domingo. Já é o terceiro pacote. A situação começa a lembrar mais e mais as sucessivas (e fracassadas) tentativas de conter a inflação pelos diversos ministros das Finanças, Fazenda, Economia e Planejamento que se sucederam nos anos 80 e 90, do governo Figueiredo ao Itamar.

A diferença é que, quando um desses pacotes dava errado, tomava-se um avião para Washington para pedir socorro. Mas quando Washington quebra, para onde vira? Como lembra o Roubini, não vai chegar nenhuma delegação de Marte ou da lua para ajudar a resolver a situação de governos soberanos.

E a situação se agrava a cada dia. Os bond vigilantes estão empurrando as taxas de juros para cima - em 7 de outubro, estavam a 2,39%. Na quarta-feira, 8/12, fecharam o dia a 3,27% - um aumento de 36,82% em pouco mais de dois meses.

O Fed, então, pode continuar a imprimir a quantidade de dinheiro que quiser para salvar quem achar que for necessário. Mas vai ter que pagar mais e mais por isso, sob a forma de taxas mais elevadas. O mesmo vale para quem tem dívidas com taxas reajustaveis, como é o caso de detentores de hipotecas. Com taxas mais altas, aumenta o incentivo para atrasar pagamentos, ou simplesmente parar de pagar e devolver o imóvel aos bancos. Isso derruba ainda mais o preço dos imóveis e deixa os bancos comerciais "too big to fail" (Bank of America, Citi, Wells Fargo e JP Morgan Chase) um passo mais perto de ter que revelar seu quadro de insolvência - o que forçaria o Fed a imprimir mais dinheiro para salvá-los, jogando as taxas para cima e derrubando ainda mais os títulos do governo dos EUA.

Dilson Funaro, pai do Plano Cruzado, morreu em 1989. Mas Delfim Netto, Bresser Pereira e Maílson da Nóbrega ainda estão por aqui. Poderiam ser contratados como consultores pelo Fed. Certamente fariam menos estrago do que o Bernanke.

E essa é a razão real por trás da queda precipitosa dos Treasuries e do dólar nas últimas semanas. O resto, como o teatro fiscal do Obama com o Congresso, é ruído.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

King World News: Por Que Bancos Suíços Estão se Recusando a Entregar Ouro e Prata Guardados sob Custódia?

Eric King
KingWorldNews.com

Postado por Marco Aurélio

Na terça-feira, 7 de dezembro, King World News deu a notícia, em entrevista com Jim Rickards, de que um cliente de um certo banco suíço não estava conseguindo retirar da custódia do banco um total de USD 40 milhões em ouro – e teve até que ameaçar o banco com processos e publicidade para conseguir o ouro. Essa história logo se disseminou pela Internet de forma viral.

Hoje KWN entrevistou James Turk, que vive em Londres. Pedi a ele que comentasse a situação. Turk respondeu citando outro exemplo:
Achei muito interessantes os comentários de Jim Rickards sobre a pessoa que teve dificuldades em retirar USD 40 milhões em ouro da custódia dos bancos suíços. Poderia contar algumas histórias de experiências semelhantes.
Turk continua:
Quero citar um caso que ainda está se desenrolando. A pessoa em questão colocou na custódia de um banco suíço vinte barras de prata de mil onças cada. Isso representa um valor corrente de mercado de pouco mais de USD 550.000. Então, não são só as operações de grande porte que estão sendo afetadas. As pequenas também estão sofrendo.

Na última vez que mandei um email para essa pessoa, há algumas semanas, ela ainda estava tentando retirar a prata que lhe pertence da guarda desse banco suíço. Esse caso vem se desenrolando há mais de dois meses. Para ser bem claro: estamos falando de apenas 20 mil onças de prata, uma quantidade relativamente pequena. Essa dificuldade em receber algo que lhe pertence pode parecer inconcebível para algumas pessoas, mas eu disse a essa pessoa, ainda em setembro deste ano, quando ela fez contato comigo pela primeira vez, que eu sabia de casos semelhantes.

Essa pessoa estava bastante confiante de que não teria problemas em receber sua prata, porque vinha pagando as taxas de custódia desde que comprou a prata no final de 1990. O banco suíço está insistindo para que ela aceite o acerto em dinheiro, mas a pessoa está exigindo a prata física. Essa prata deveria estar sentada no cofre do banco, em custódia, pronta para ser entregue assim que solicitada. Mas, como lhe disse antes, Eric, sei de outros casos como este.

Voltando à entrevista com Jim Rickards, ele deu alguns conselhos muito bons, com os quais concordo plenamente. Certifique-se de que seu ouro e prata estão guardados fora do sistema bancário.

Falando especificamente sobre o preço do ouro e da prata, Turk disse:
É importante que as pessoas concentrem nas grandes tendências e não se deixem distrair com a volatilidade de curto prazo no preço do ouro e da prata. A tendência de longo prazo para ambos os metais preciosos ainda é altista.
Eu me pergunto o que é que estará acontecendo com alguns desses bancos que, pelo menos em teoria, deveriam manter em custódia o ouro e a prata de seus clientes. Será que arrendaram os ativos a alguma outra entidade? Venderam os ativos, colocando um recibo de papel no lugar, enquanto continuam a cobrar taxas de custódia? King World News pode ter apenas arranhado a superfície do que pode vir a ser uma fraude dentro de alguns desses bancos.

Eric King
KingWorldNews.com
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T-Bonds a 5%: O Nível que Vai Marcar uma Crise no Bond Market dos EUA

Queda nos Títulos do Governo Americano Ameaça Ilusão de Controle do Fed
Rick Ackerman
8 dezembro de 2010

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Postado por Marco Aurélio

Ben Bernanke, que prometeu jogar dinheiro de helicópteros, se necessário, para combater uma deflação japonesa nos EUA, apareceu no programa 60 Minutes, da rede de TV CBS, na noite de domingo, 5/12/10.

Disse tantas coisas estapafúrdias que é difícil saber por onde começar a criticá-lo. O assim-chamado "entrevistador", Scott Pelley, demonstrou claramente não ter a mínima idéia do que estava falando. Vamos ter que esperar até que o deputado Ron Paul enfrente Bernanke no Congresso americano – só então vamos obter uma imagem mais clara das questões que, segundo o presidente do Fed, estão sob controle.

Durante a entrevista de domingo, o chefe do Fed negou estar imprimindo dinheiro. Pelley não o questionou quanto a essa tecnicalidade. Bernanke também disse que é capaz de matar a inflação de uma hora para a outra, se necessário. Esse absurdo, muito longe do alcance intelectual de Pelley, também passou impune. Ou talvez Pelley não se importe com as implicações letais para a economia implícitas nessa "solução", quais sejam, taxas de juro mais elevadas.

A hora da verdade para a flexibilização quantitativa

Temos péssimas notícias para quem acredita na eficácia da flexibilização quantitativa. Esse aviso vale tanto para o presidente do Fed, quanto para todo mundo que tem dívidas.


Uma olhada no gráfico acima ajuda a entender o por quê. O preço dos títulos de trinta anos no mercado futuro vem caindo feio há dois meses, com um aumento correspondente na taxa de juros. A taxa dos títulos de longo prazo estava em 3,73%, quando a queda começou. Agora está em torno de 4,43% - um aumento de quase 20%. Rick's Picks espera que o T-Bond de março continue a cair, possivelmente para um "pivot oculto" de apoio de 120 10/32. Nesse ponto, as taxas terão subido para cerca de 4,60%.

As coisas poderão ficar muito feias, no entanto, se a sustentação falhar, já que essa ocorrência poderia derrubar os futuros, até chegarem a 117 22/32. A esse preço, as taxas de longo prazo estariam em torno de 4,82%. Aplique essa taxa asfixiante à dívida pública, hipotecas ajustáveis e crédito ao consumidor, e o custo extra seria de centenas de bilhões de dólares para os contribuintes, mutuários e consumidores.

As expectativas mudam

Mas vai ser aí que os problemas do Bernanke vão começar, já que sua principal tarefa é, no final das contas, gerenciar expectativas. Com as taxas de longo prazo subindo lentamente rumo a 5%, esse número viraria um ímã: os credores tomariam como certa a possibilidade da marca de 5% ser alcançada. Inicialmente, o dólar se fortaleceria, à medida que as taxas de juros se soltassem de suas amarras administrativas e subissem rumo a níveis de mercado. Essa tendência poderia continuar, concebivelmente, por alguns meses - talvez por um ano - até que se torne claro que os custos mais altos dos empréstimos estão empurrando os títulos do Tesouro dos EUA rumo a um ponto de ruptura.

Ninguém pode prever o que vai acontecer se as percepções se transformarem em pânico. Mas, de maneira mais imediata, os mercados podem adquirir uma dinâmica própria, fadando ao fracasso os esforços do Fed de suprimir as taxas de juros reais usando nada mais que trapaças, mentiras e enganos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dez Razões para Só Investir em Ações depois do Próximo Colapso

Submetido por Tyler Durden
Zero Hedge


Postado por Marco Aurélio

Paul Farrell, do Market Watch, não mede palavras em seu mais recente artigo sobre o mercado. "Você só pode perder com Wall Street. O mercado de ações é para otários. Vai fazê-lo de trouxa de novo. Você vai perder, mais do que perdeu na última década. Acorde, antes que os bancos de Wall Street desencadeiem o próximo colapso, levando a falências em massa."

Bem colocado. E, como nós do Zero Hedge acreditamos que só os insensatos mais loucos do asilo estão investindo em ações, com estas condições de mercado, concordamos plenamente com Farrell.

Eis aqui os dez motivos para ficar longe do mercado até o próximo colapso, cortesia do Market Watch.

1. Ações nos EUA são uma aposta de alto risco para trouxas.

Essa é a visão de Peter Morici, o ex-economista-chefe da Comissão Internacional do Comércio (International Trade Commission), que acredita que, nos mercados de ações dos EUA, só entram otários. Mas a economia real está despertando para o golpe que é Wall Street? Talvez. "Com os lucros recordes das empresas, Wall Street espera ansiosamente pelo retorno dos investidores individuais ao mercado de ações. Talvez esperem por bastante tempo, porque os investidores pequenos devem ter concluído que investir em ações é uma aposta que só trouxas fazem".

A América tem duas Bolsas distintas: uma para insiders ricos de Wall Street, outra para os otários que vivem na economia real: "Os investidores, ao contrário dos operadores, compram ações de empresas cujos lucros, esperam, vão aumentar. O bom-senso diz que preços mais altos para as ações seguem lucros maiores. Mas, ao longo dos últimos dois ciclos econômicos, isso simplesmente não aconteceu."

De 1998 a 2010, os lucros aumentaram 203%. Mas a S&P 500 subiu apenas 7%. E, mesmo assim, os investidores ingênuos entram na armadilha de trouxas de Wall Street.

Então quem está embolsando os lucros enormes? Os insiders ricos. "Isso acontece porque a maior parte  do valor criado por maiores lucros", diz Morici, "foi capturada pelos hedge funds, operadores electrônicos, fundos de private equity e firmas agressivas especializadas em fusões e aquisições, quer sejam entidades autônomas, quer sejam integradas aos principais bancos de investimento, que se multiplicaram ao longo das últimos duas décadas."

Avisao: Com a ressurreição do Partido Republicano nas últimas eleições nos EUA e a volta da pólítica econômica da Era Reagan, Wall Street vai sugar quantidades crescentes de valor da economia real, enriquecendo-se cada vez mais. Isso quer dizer que você vai perder mais.

2. Golpe dos derivatitivos vai dar pane – de novo.

Numa história da Bloomberg, o autor de “Big Short”, Michael Lewis, pergunta: "Por que os mesmos bancos de Wall Street que pressionaram tanto para enfraquecer a Lei Frank Dodd, de reforma financeira, que proibiria as mesas de operação proprietária (proprietary trading ) dos bancos – por que esses bancos estão agora se desfazendo silenciosamente de suas mesas de operação proprietária?"

A resposta é simples: Wall Street é ardilosa e fará tudo para manter o cassino de derivativos funcionando. Os insiders "não têm nenhuma intenção de cessar suas operações proprietárias," diz Lewis. "Estão apenas disfarçando, dando outro nome à coisa."

3. Os hedge funds vendem (short) a China: Mas cuidado: os EUA podem sofrer danos colaterais.

Entendeu? A China pode muito bem quebrar primeiro. Bill Powell, da revista Fortune, entrevistou o grande diretor de hedge funds Jim Chanos, da Kynikos Associates, que está "apostando que a economia da China está prestes a implodir, com uma quebra espectacular de seu mercado imobiliário." A China é "uma economia anabolizada". Numa entrevista concedida a Charlie Rose, Chanos disse que "a China está correndo sobre uma esteira rumo ao inferno". Se realmente for esse o caso, então a idéia de investir em mercados emergentes, também vendida por bancos de investimento, é uma aposta para otários.

Outro conhecedor do universo de hedge funds avisou: Chanos está vendendo (shorting) o país inteiro, inclusindo uma empresa que "a Goldman Sachs recomenda para compra ... todo o índice da Bolsa de Valores de Hong Kong ... e o China Merchants Bank, um dos maiores de Pequim."

Na década de 1980, o Japão "cresceu principalmente movido a investimentos de capital"; depois se transformou em "uma máquina de destruição de capital, e é isso o que a China virou. Você tem uma situação na qual 60% da economia está baseada em investimentos em ativos fixos. Essa proporção não é sustentável nem mesmo no mundo em desenvolvimento."

Chanos não vai identificar o timing ou o evento que pode precipitar as coisas: "Só sabe que o desastre virá" e está apostando na chegada desse momento. O caso lembra o Hank Paulson vendendo a descoberto os negócios escusos da Goldman Sachs antes do crash de 2008.

4. Novas acusações de insider trading minam a confiança de investidores pequenos.

A desconfiança dos investidores em relação ao cassino de Wall Street vai disparar em 2011. Antes das eleições, em novembro, uma pesquisa AP-CNBC revelou que 61% dos investidores já tinham perdido a confiança no mercado, graças à extrema volatilidade; 55% acreditavam que o mercado está armado para favorecer os insiders.

A situação vai piorar muito, à medida que as investigações do FBI e do Departamento de Justiça dos EUA resultarem em acusações formais e prisões. À medida que mais fatos vierem à tona, o escândalo vai ficar muito maior que o caso Enron: mais uma prova do jogo armado de Wall Street.

5. O histórico perfeito nas operações dos bancos de investimento prova que o mercado está viciado.

No ano passado, relatamos que a Goldman Sachs lucrou mais de USD 100 milhões por dia, durante 23 dias, em um único mês. Este ano, o golpe ficou ainda mais ousado.

Morici diz: "O J.P. Morgan e o Bank of America não tiveram, durante todo o terceiro trimestre, um único dia de operações em que perderam dinheiro, nem um dia de perdas em suas mesas de operações proprietárias. A menos que você acredite na perfeição, algo está seriamente errado com a informação que estão usando para operar. Se alguém está ganhando o tempo todo, então alguém também está perdendo. Esse alguém é o investidor comum. O mercado de ações se tornou um jogo manipulado".

Sim, os 95 milhões de investidores nos EUA são otários participando de um jogo manipulado.

6. Wall Street é socialmente inútil. Existe apenas para tornar os insiders ricos.

Na revista New Yorker, John Cassidy escreve: "Muito do que os banqueiros de investimento fazem é socialmente inútil." Wall Street existe apenas "para tornar a si própria muito, muito rica."

"Inúteis", mas "por um longo tempo, os economistas e os políticos aceitaram avaliação do setor financeiro de seu próprio valor, ignorando as falhas de mercado e as outras patologias que o afligem."

Pior, continua Cassidy, "mesmo depois de tudo o que aconteceu, há uma tendência no Congresso e na Casa Branca de obedecer cegamente a Wall Street." Por que? Por causa do imenso caixa de Wall Street na guerra do lobby. Breve tudo isso vai chegar a um clímax desastroso. Wall Street vai implodir sob o peso de sua própria ganância.

7. O Fed é o pior pesadelo da América, um moral hazard de USD 3,3 trilhões.

Moral hazard significa, entre outras coisas, que não há consequências para a cumplicidade de Wall Street na catástrofe de 2008. Como resultado disso, os insiders de Wall Street acabaram acreditando que podem fazer apostas maiores e mais arriscadas. Afinal, da próxima vez, vão sair ilesos de novo.

Ma como? Porque os otários dos EUA são tão burros que vão socrrê-los financeiramente da próxima vez também, poupando-os das consequências quando quebrarem de novo.

Na semana passada, o Fed tornou os riscos do moral hazar mais evidentes, quando foi obrigado a publicar 21 mil documentos que mostram como um Ben Bernanke arrogante aprovou USD 3,3 trilhões em dinheiro dos contribuintes para salvar Wall Street de sua pópria incomeptência. Também salvou empresas blue chips e até bancos na Suíça e França. Bernanke está praticando política fiscal, e está se mostrando um desastre épico.

Quando Obama o reconduziu ao cargo no ano passado, concordamos com o autor Nassim Nicholas Taleb, que chamou a decisão de “a pior gafe de Obama em questões de política nacional”.

Mas pode piorar: ceder às pressões dos republicanos em relação à extensão dos cortes de impostos para os ricos, feitos na Era Bush, significa que bilhões de nossos dólares serão canalizados para esse jogo manipulado. É a prova final de que o Obama é um co-conspirador de Wall Street na guerra de classe contra 300 milhões de americanos comuns.

8. Bem-vindo a um novo conceito de normalidade: não existe crescimento, só deflação.

Em seu último boletim, o economista Gary Shilling, colunista da Forbes de longa data, avisa: "A taxa real de crescimento econômico de 2% ou menos é o mais provável até 2011." Mas precisamos de 3,3% só para acompanhar o crescimento populacional.

Assim, "uma elevada taxa de desemprego continua a ser um problema político ... com o fraco crescimento econômico, uma deflação que desponta e o dólar e os títulos do Tesouro permanecendo como os únicos portos seguros em um mar de problemas globais".

Atenção: a Nova Era dos EUA, com ausência de crescimento, com deflação e sem uma recuperação no mercado de trabalho, continuará por muitos anos, levando os EUA a ficar parecidos com o Japão nas últimas duas décadas. Pior, cortes brutais no déficit vão desencadear tumultos, como na Irlanda e França.

9. Privatizar a Previdência Social: a nova liderança republicana do Congresso adora idéias burras.

Eis aqui a idiotice da política econômica da Era Reagan em sua expressão máxima. Alan Sloan escreve na revista Fortune: "Privatização da Previdência (Social Security): Ainda uma idéia idiota". A idéia foi derrubada quando George W. Bush a propôs. Mesmo assim, muitos dos milionários do Partido Republicano no Congresso fizeram campanha usando a privatização como tema.

"Uma pessoa razoável poderia achar que," Sloan postula, "as loucas oscilações do mercado de ações - duas quedas de 50% ou mais em pouco mais de uma década - teriam demonstrado conclusivamente a loucura que é forçar os aposentados a apostar seu sustento no mercado. Mas isso é só o que uma pessoa razoável pensaria." Os republicanos estão prestes a ressuscitar a idéia. Por que? Simples. Porque o Partido Republicano é o partido dos ricos.

Sim, é muito simples: o cassino de Wall Street adoraria colocar as mãos em mais USD 20 trilhões do seu dinheiro de aposentadoria, para jogar no cassino de derivativos.

"Porque é que a privatização da Previdência (Social Security) é uma idéia tão ruim?" pergunta Sloan. "Porque os aposentados não deveriam ter que depender dos caprichos do mercado para sobreviver. Mais da metade dos casais com mais de 65 anos, e 72% dos solteiros, derivam mais de metade de sua renda da Previdência Social. E "para 20% dos casais de 65 ou mais, e 41% dos solteiros, a Previdência Social representa 90% ou mais de seus rendimentos."

Imagine se a Previdência Social dos EUA estivesse em mãos privadas na Crise de 2008. Essa situação teria causado mais estragos do que uma guerra atômica. Teria destruído totalmente a economia americana.

10. Atenção: Wall Street vai perder mais 20% de seu dinheiro até 2020.

Já faz tempo que dizemos a mesma coisa: Wall Street perdeu trilhões no mercado de ações desde 2000, ano em que o Dow Jones Industrial Average chegou a 11.722. Hoje, mal passa dos 11.000. Ajustado pela inflação, Wall Street perdeu 20% do seu dinheiro na última década.

Wall Street é um perdedor. E, pior, Wall Street vai tornar a fazer a mesma coisa até 2020. Isso mesmo: vai perder mais 20% do seu dinheiro de aposentadoria.

Aviso: As ações são uma aposta perdida no cassino manipulado de Wall Street. Comprar ações é perder. Na verdade, você provavelmente vai perder mais de 20%, quando o terceiro colapso século 21 ocorrer. Perdas maiores do que as de 2000 e 2008, juntas. Isso vai acontecer quando os bancos gananciosos demais para falir de Wall Street entrarem em colapso. Quando não conseguirem empurrar a segunda Grande Depressão com a barriga mais uma vez. Quando os contribuintes se revoltarem, recusando-se a socorrer nosso sistema bancário corrupto. Quando o povo dos EUA forçar o Congresso a retomar a legislação reguladora dura dos anos de 1930.

Wall Street é suicida. Está jogando um jogo mortal de roleta russa com o futuro dos EUA. A ganância autodestrutiva de Wall Street está levando os EUA à beira do fracasso. No entanto, o comportamento de Wall Street é absolutamente previsível - como um viciado em drogas cegamente preso a seu próprio vício, incapaz de ver as conseqüências mortais de seu comportamento.

Bill Bonner: Seres de Outro Planeta Anunciam Pacote de Socorro para o FMI

Bill Bonner,
The Daily Reckoning


Postado por Marco Aurélio

2 de dezembro de 2010

(Mumbai, Índia) O Fed está salvando o mundo inteiro! Mas quem vai salvar o Fed?

Depois que a notícia da salvação global pelo Fed foi publicada ontem, o Dow Jones subiu 249 pontos. O ouro subiu USD 2.

Eis a última da Bloomberg:
As ações decolaram, dando aos principais índices dos EUA seus maiores ganhos em três meses, enquanto o euro e as commodities saltaram e os títulos do Tesouro americano caíram, em meio à melhoria dos dados sobre as economias dos EUA e da China e a perspectiva de um esforço maior para acabar com crise na Europa endividada.

O índice Standard & Poor’s 500 subiu 2,2%, o maior ganho desde 1º. de setembro. O índice MSCI Emerging Markets subiu 2,2%, o maior ganho desde 2 de agosto. O euro recuperou-se, passando dos USD 1,31, enquanto os títulos espanhóis de 10 anos interromperam uma queda de 11 dias. O rendimento de notas de 10 anos do Tesouro americano aumentou 17 pontos-base, para 2,97%, o ponto mais alto de em quatro meses. Petróleo e cobre avançaram mais de 3%. Após o encerramento dos pregões nos EUA, o índice futuro S&P 500 subiu 0,1% às 19:00 em Nova York e as bolsas no Japão também subiram no início do dia.

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse ontem que os investidores estão subestimando a determinação das autoridades em deter a crise na região e em fortalecer o euro, antes de uma reunião de amanhã do conselho diretor do BCE.

O Dow Jones Industrial Average subiu 249,76 pontos, ou 2,3%, para 11,255.78. O Dow subiu em dezembro mais do que em qualquer outro mês durante o último século, de acordo com Bespoke Investment Group. O índice de 30 ações subiu 1,3%, em média, nesse mês durante os últimos 100 anos e ganhou 1,5% e 1,7% nos últimos 50 e 20 anos, respectivamente, mostram os dados da Bespoke.

As ações e o euro estenderam seus ganhos depois que a Reuters informou que uma autoridade governamental não-identificada disse que os EUA podem apoiar o ampliamento de um programa de resgate financeiro à Europa, com mais dinheiro do Fundo Monetário Internacional. Os EUA não estão discutindo a possibilidade de mais dinheiro FMI para a Europa, disse um representante de Washington à Bloomberg News.
***

"Puxa ... você viu isso?", perguntou um analista indiano com quem nos reunimos esta manhã. "Agora é sério. Estão ligando as máquinas de imprimir para valer. Estão tentando salvar o mundo inteiro. Eu nunca teria acreditado. Mas faz sentido."

O funcionário dos EUA pode não admiti-lo abertamente, mas os números do Fed mostram que o banco central dos EUA já está resgatando estrangeiros. Os relatórios mostram que 35 bancos estrangeiros aproveitaram as políticas monetárias de dinheiro fácil do Fed. Parece que o Fed está sustentando o setor bancário europeu.

E tampouco seria surpreendente se os EUA também estivessem sustentando o FMI. Não são só os bancos que estão com problemas na Europa. Os governos também estão profundamente endividados. Governos e bancos estão tão entrelaçados que é difícil saber onde a dívida privada termina e a pública começa.

Os americanos vêem a subida do dólar contra o euro e podem sentir um pouco de orgulho patriótico. Mas isso não é bom para os americanos. Se a Europa cair aos pedaços, a crise vai imediatamente bater nos bancos e na economia dos EUA. Ben Bernanke bem que tenta fazer o dólar cair. Um dólar valorizado torna os produtos da Alemanha menos caros e as exportações dos EUA, menos competitivas. Contribui para a ameaça de deflação ... e incentiva um período de contração econômica demorada, ao estilo japonês, estimulando as pessoas a poupar, em vez de gastar.

Além disso, o colapso das economias européias mataria o comércio mundial. Os exportadores teriam que fechar as portas. Os importadores ficariam sem dinheiro. O planeta inteiro ficaria sem sorte. A crise imediatamente varreria o mundo como um gigantesco tsunami ... acabando com os mercados de ações ... e, logo em seguida, afogando quase todas as economias.

Sim, caro leitor ... esse é o lado negativo da globalização ... Um problema regional pode facilmente tornar-se um desastre para o mundo todo.

Então, o que vai acontecer? Ah, queríamos tanto que você não nos fizesse perguntas como essa, caro leitor...

Mas vamos dar um palpite.

A situação na Europa é mais perigosa do que a maioria dos americanos imagina.

Ainda pode entrar em colapso. As autoridades dos EUA, claro, sabem disso. E devem saber também que, se a Europa entrar em colapso, os EUA seguirão pelo mesmo caminho.

Assim, os rumores provavelmente se mostrarão verdadeiros. Os EUA vão garantir o FMI. O FMI vai garantir a Europa. A Europa vai garantir a Irlanda. A Irlanda vai garantir seus bancos. E os bancos vão garantir seus credores.

Enquanto isso, o euro será sustentado pelo dólar, que também dará sustentação à economia americana, os bancos americanos, o governo americano e cerca da metade dos lares na face da Terra ...

Quem tem o tipo de dinheiro necessário para garantir tanta coisa?

Ah ... eis aí o problema ... É esse o elo mais fraco nesta corrente estranha e mágica.

Vejamos: se as dívidas de todo mundo são garantidas por dinheiro fiduciário ... não seria o dinheiro fiduciário castigado por todas essas perdas? Será que as perdas não serão repassadas aos detentores de dólares em todo o mundo?

Sim. Mas ninguém sabe o tamanho das perdas. E ninguém sabe quanto de dinheiro extra para "estímular" a economia será oferecido pelo Fed. E ninguém sabe quando as pessoas vão ficar com medo e fugir do dólar ... do euro ... e de todas as moedas fiduciárias. E ninguém sabe o que resultaria de um pânico do dólar. E ninguém quer descobrir.

Então, qual é a solução? Não vamos perder tempo oferecendo uma solução para as autoridades financeiras mundiais. Não vão nos dar ouvidos.

Mas e quanto a uma solução para você? Você comprou ouro quando sugerimos, caro leitor?

Esperamos que sim.

***

Mais pensamentos ...

O New York Times diz que os astrônomos seriamente subestimaram o número de estrelas no universo. Não conseguiam enxergar as menores. Isso significa que sua última contagem errou por alguns trilhões. Ou talvez por alguns zilhões.

Isso nos sugere que os astrônomos e os analistas da dívida pública federal dos EUA devem estar usando as mesmas metodologias de cálculo. Tanto uns quanto outros erraram por trilhões.

Mas a razão que nos leva a falar disso é para dar esperança aos nossos queridos leitores. Talvez ... circulando ao redor de uma dessas estrelas invisíveis ... a alguns bilhões de anos-luz da terra ... haja um planeta habitável. E, talvez, as pessoas que lá vivem sejam craques com os números ... e com o dinheiro. E talvez também entendam muito de viagens espaciais. E sejam muito generosas.

Talvez apareçam - a qualquer momento - e se ofereçam para socorrer financeiramente toda a Via Láctea ... ou, talvez, todo o universo.


Saudações,

Bill Bonner,
The Daily Reckoning