terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Dez Razões para Só Investir em Ações depois do Próximo Colapso

Submetido por Tyler Durden
Zero Hedge


Postado por Marco Aurélio

Paul Farrell, do Market Watch, não mede palavras em seu mais recente artigo sobre o mercado. "Você só pode perder com Wall Street. O mercado de ações é para otários. Vai fazê-lo de trouxa de novo. Você vai perder, mais do que perdeu na última década. Acorde, antes que os bancos de Wall Street desencadeiem o próximo colapso, levando a falências em massa."

Bem colocado. E, como nós do Zero Hedge acreditamos que só os insensatos mais loucos do asilo estão investindo em ações, com estas condições de mercado, concordamos plenamente com Farrell.

Eis aqui os dez motivos para ficar longe do mercado até o próximo colapso, cortesia do Market Watch.

1. Ações nos EUA são uma aposta de alto risco para trouxas.

Essa é a visão de Peter Morici, o ex-economista-chefe da Comissão Internacional do Comércio (International Trade Commission), que acredita que, nos mercados de ações dos EUA, só entram otários. Mas a economia real está despertando para o golpe que é Wall Street? Talvez. "Com os lucros recordes das empresas, Wall Street espera ansiosamente pelo retorno dos investidores individuais ao mercado de ações. Talvez esperem por bastante tempo, porque os investidores pequenos devem ter concluído que investir em ações é uma aposta que só trouxas fazem".

A América tem duas Bolsas distintas: uma para insiders ricos de Wall Street, outra para os otários que vivem na economia real: "Os investidores, ao contrário dos operadores, compram ações de empresas cujos lucros, esperam, vão aumentar. O bom-senso diz que preços mais altos para as ações seguem lucros maiores. Mas, ao longo dos últimos dois ciclos econômicos, isso simplesmente não aconteceu."

De 1998 a 2010, os lucros aumentaram 203%. Mas a S&P 500 subiu apenas 7%. E, mesmo assim, os investidores ingênuos entram na armadilha de trouxas de Wall Street.

Então quem está embolsando os lucros enormes? Os insiders ricos. "Isso acontece porque a maior parte  do valor criado por maiores lucros", diz Morici, "foi capturada pelos hedge funds, operadores electrônicos, fundos de private equity e firmas agressivas especializadas em fusões e aquisições, quer sejam entidades autônomas, quer sejam integradas aos principais bancos de investimento, que se multiplicaram ao longo das últimos duas décadas."

Avisao: Com a ressurreição do Partido Republicano nas últimas eleições nos EUA e a volta da pólítica econômica da Era Reagan, Wall Street vai sugar quantidades crescentes de valor da economia real, enriquecendo-se cada vez mais. Isso quer dizer que você vai perder mais.

2. Golpe dos derivatitivos vai dar pane – de novo.

Numa história da Bloomberg, o autor de “Big Short”, Michael Lewis, pergunta: "Por que os mesmos bancos de Wall Street que pressionaram tanto para enfraquecer a Lei Frank Dodd, de reforma financeira, que proibiria as mesas de operação proprietária (proprietary trading ) dos bancos – por que esses bancos estão agora se desfazendo silenciosamente de suas mesas de operação proprietária?"

A resposta é simples: Wall Street é ardilosa e fará tudo para manter o cassino de derivativos funcionando. Os insiders "não têm nenhuma intenção de cessar suas operações proprietárias," diz Lewis. "Estão apenas disfarçando, dando outro nome à coisa."

3. Os hedge funds vendem (short) a China: Mas cuidado: os EUA podem sofrer danos colaterais.

Entendeu? A China pode muito bem quebrar primeiro. Bill Powell, da revista Fortune, entrevistou o grande diretor de hedge funds Jim Chanos, da Kynikos Associates, que está "apostando que a economia da China está prestes a implodir, com uma quebra espectacular de seu mercado imobiliário." A China é "uma economia anabolizada". Numa entrevista concedida a Charlie Rose, Chanos disse que "a China está correndo sobre uma esteira rumo ao inferno". Se realmente for esse o caso, então a idéia de investir em mercados emergentes, também vendida por bancos de investimento, é uma aposta para otários.

Outro conhecedor do universo de hedge funds avisou: Chanos está vendendo (shorting) o país inteiro, inclusindo uma empresa que "a Goldman Sachs recomenda para compra ... todo o índice da Bolsa de Valores de Hong Kong ... e o China Merchants Bank, um dos maiores de Pequim."

Na década de 1980, o Japão "cresceu principalmente movido a investimentos de capital"; depois se transformou em "uma máquina de destruição de capital, e é isso o que a China virou. Você tem uma situação na qual 60% da economia está baseada em investimentos em ativos fixos. Essa proporção não é sustentável nem mesmo no mundo em desenvolvimento."

Chanos não vai identificar o timing ou o evento que pode precipitar as coisas: "Só sabe que o desastre virá" e está apostando na chegada desse momento. O caso lembra o Hank Paulson vendendo a descoberto os negócios escusos da Goldman Sachs antes do crash de 2008.

4. Novas acusações de insider trading minam a confiança de investidores pequenos.

A desconfiança dos investidores em relação ao cassino de Wall Street vai disparar em 2011. Antes das eleições, em novembro, uma pesquisa AP-CNBC revelou que 61% dos investidores já tinham perdido a confiança no mercado, graças à extrema volatilidade; 55% acreditavam que o mercado está armado para favorecer os insiders.

A situação vai piorar muito, à medida que as investigações do FBI e do Departamento de Justiça dos EUA resultarem em acusações formais e prisões. À medida que mais fatos vierem à tona, o escândalo vai ficar muito maior que o caso Enron: mais uma prova do jogo armado de Wall Street.

5. O histórico perfeito nas operações dos bancos de investimento prova que o mercado está viciado.

No ano passado, relatamos que a Goldman Sachs lucrou mais de USD 100 milhões por dia, durante 23 dias, em um único mês. Este ano, o golpe ficou ainda mais ousado.

Morici diz: "O J.P. Morgan e o Bank of America não tiveram, durante todo o terceiro trimestre, um único dia de operações em que perderam dinheiro, nem um dia de perdas em suas mesas de operações proprietárias. A menos que você acredite na perfeição, algo está seriamente errado com a informação que estão usando para operar. Se alguém está ganhando o tempo todo, então alguém também está perdendo. Esse alguém é o investidor comum. O mercado de ações se tornou um jogo manipulado".

Sim, os 95 milhões de investidores nos EUA são otários participando de um jogo manipulado.

6. Wall Street é socialmente inútil. Existe apenas para tornar os insiders ricos.

Na revista New Yorker, John Cassidy escreve: "Muito do que os banqueiros de investimento fazem é socialmente inútil." Wall Street existe apenas "para tornar a si própria muito, muito rica."

"Inúteis", mas "por um longo tempo, os economistas e os políticos aceitaram avaliação do setor financeiro de seu próprio valor, ignorando as falhas de mercado e as outras patologias que o afligem."

Pior, continua Cassidy, "mesmo depois de tudo o que aconteceu, há uma tendência no Congresso e na Casa Branca de obedecer cegamente a Wall Street." Por que? Por causa do imenso caixa de Wall Street na guerra do lobby. Breve tudo isso vai chegar a um clímax desastroso. Wall Street vai implodir sob o peso de sua própria ganância.

7. O Fed é o pior pesadelo da América, um moral hazard de USD 3,3 trilhões.

Moral hazard significa, entre outras coisas, que não há consequências para a cumplicidade de Wall Street na catástrofe de 2008. Como resultado disso, os insiders de Wall Street acabaram acreditando que podem fazer apostas maiores e mais arriscadas. Afinal, da próxima vez, vão sair ilesos de novo.

Ma como? Porque os otários dos EUA são tão burros que vão socrrê-los financeiramente da próxima vez também, poupando-os das consequências quando quebrarem de novo.

Na semana passada, o Fed tornou os riscos do moral hazar mais evidentes, quando foi obrigado a publicar 21 mil documentos que mostram como um Ben Bernanke arrogante aprovou USD 3,3 trilhões em dinheiro dos contribuintes para salvar Wall Street de sua pópria incomeptência. Também salvou empresas blue chips e até bancos na Suíça e França. Bernanke está praticando política fiscal, e está se mostrando um desastre épico.

Quando Obama o reconduziu ao cargo no ano passado, concordamos com o autor Nassim Nicholas Taleb, que chamou a decisão de “a pior gafe de Obama em questões de política nacional”.

Mas pode piorar: ceder às pressões dos republicanos em relação à extensão dos cortes de impostos para os ricos, feitos na Era Bush, significa que bilhões de nossos dólares serão canalizados para esse jogo manipulado. É a prova final de que o Obama é um co-conspirador de Wall Street na guerra de classe contra 300 milhões de americanos comuns.

8. Bem-vindo a um novo conceito de normalidade: não existe crescimento, só deflação.

Em seu último boletim, o economista Gary Shilling, colunista da Forbes de longa data, avisa: "A taxa real de crescimento econômico de 2% ou menos é o mais provável até 2011." Mas precisamos de 3,3% só para acompanhar o crescimento populacional.

Assim, "uma elevada taxa de desemprego continua a ser um problema político ... com o fraco crescimento econômico, uma deflação que desponta e o dólar e os títulos do Tesouro permanecendo como os únicos portos seguros em um mar de problemas globais".

Atenção: a Nova Era dos EUA, com ausência de crescimento, com deflação e sem uma recuperação no mercado de trabalho, continuará por muitos anos, levando os EUA a ficar parecidos com o Japão nas últimas duas décadas. Pior, cortes brutais no déficit vão desencadear tumultos, como na Irlanda e França.

9. Privatizar a Previdência Social: a nova liderança republicana do Congresso adora idéias burras.

Eis aqui a idiotice da política econômica da Era Reagan em sua expressão máxima. Alan Sloan escreve na revista Fortune: "Privatização da Previdência (Social Security): Ainda uma idéia idiota". A idéia foi derrubada quando George W. Bush a propôs. Mesmo assim, muitos dos milionários do Partido Republicano no Congresso fizeram campanha usando a privatização como tema.

"Uma pessoa razoável poderia achar que," Sloan postula, "as loucas oscilações do mercado de ações - duas quedas de 50% ou mais em pouco mais de uma década - teriam demonstrado conclusivamente a loucura que é forçar os aposentados a apostar seu sustento no mercado. Mas isso é só o que uma pessoa razoável pensaria." Os republicanos estão prestes a ressuscitar a idéia. Por que? Simples. Porque o Partido Republicano é o partido dos ricos.

Sim, é muito simples: o cassino de Wall Street adoraria colocar as mãos em mais USD 20 trilhões do seu dinheiro de aposentadoria, para jogar no cassino de derivativos.

"Porque é que a privatização da Previdência (Social Security) é uma idéia tão ruim?" pergunta Sloan. "Porque os aposentados não deveriam ter que depender dos caprichos do mercado para sobreviver. Mais da metade dos casais com mais de 65 anos, e 72% dos solteiros, derivam mais de metade de sua renda da Previdência Social. E "para 20% dos casais de 65 ou mais, e 41% dos solteiros, a Previdência Social representa 90% ou mais de seus rendimentos."

Imagine se a Previdência Social dos EUA estivesse em mãos privadas na Crise de 2008. Essa situação teria causado mais estragos do que uma guerra atômica. Teria destruído totalmente a economia americana.

10. Atenção: Wall Street vai perder mais 20% de seu dinheiro até 2020.

Já faz tempo que dizemos a mesma coisa: Wall Street perdeu trilhões no mercado de ações desde 2000, ano em que o Dow Jones Industrial Average chegou a 11.722. Hoje, mal passa dos 11.000. Ajustado pela inflação, Wall Street perdeu 20% do seu dinheiro na última década.

Wall Street é um perdedor. E, pior, Wall Street vai tornar a fazer a mesma coisa até 2020. Isso mesmo: vai perder mais 20% do seu dinheiro de aposentadoria.

Aviso: As ações são uma aposta perdida no cassino manipulado de Wall Street. Comprar ações é perder. Na verdade, você provavelmente vai perder mais de 20%, quando o terceiro colapso século 21 ocorrer. Perdas maiores do que as de 2000 e 2008, juntas. Isso vai acontecer quando os bancos gananciosos demais para falir de Wall Street entrarem em colapso. Quando não conseguirem empurrar a segunda Grande Depressão com a barriga mais uma vez. Quando os contribuintes se revoltarem, recusando-se a socorrer nosso sistema bancário corrupto. Quando o povo dos EUA forçar o Congresso a retomar a legislação reguladora dura dos anos de 1930.

Wall Street é suicida. Está jogando um jogo mortal de roleta russa com o futuro dos EUA. A ganância autodestrutiva de Wall Street está levando os EUA à beira do fracasso. No entanto, o comportamento de Wall Street é absolutamente previsível - como um viciado em drogas cegamente preso a seu próprio vício, incapaz de ver as conseqüências mortais de seu comportamento.

2 comentários:

  1. Certo, mas investir em ações é algo apenas para os "insensatos mais loucos do asilo" nos EUA, ou isso se aplica também às aplicações no Brasil, feitas em empresas nacionais? Obviamente, sei que existe a influência internacional, mas o quadro está tão feio para nós também?

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  2. Oi Igor,

    Como vc deve saber, as Bolsas brasileiras fazem parte de um sistema financeiro muito maior. É, na verdade, um componente muito pequeno dele. Como tal, vem a reboque dos eventos no exterior.

    Desde pelo menos o ano 2000, todas as grandes bolsas do mundo estão numa correlação quase perfeita com as Bolsas americana. Ou seja, o que acontece nos EUA, acontece imediatamente no Brasil, dadas as interconexões do sistema.

    Perdas no NYSE levam a margin calls, aumento da aversão ao risco e outras situações problemáticas para mercados emergentes como o Brasil. Os acontecimentos de 2008 mostram isso muito claramente. O Lula, baseando-se na palavra de seus assessores, acreditava em março de 2008 que a crise chegaria aqui como uma marolinha. Quando veio, além de seus efeitos sobre a BOVESPA, quebrou (ou quase) empresas blue chips no Brasil, como a Aracruz e Sadia, por causa de reversões em taxas de juros e câmbio.

    Nada mudou desde 2008. Os bancos que estavam no centro da crise (nos EUA) ficaram ainda maiores, com ainda mais risco para o sistema.

    O Chave de Ouro aponta esses problemas, em larga medida ignorados pela mídia de massa (que é corporativa - são empresas, afinal de contas).

    É fácil saber a visão otimista - é só abrir o Valor, Exame etc. Essa é a propaganda política de um sistema que não quer assustar as pessoas, para que continuem a investir e consumir.

    No Brasil há pouquíssimos sites e blogs que buscam entender os reais riscos envolvidos e mostram o outro lado, enquanto que, nos EUA e outros países de língua ingles, há milhares deles. Muitos estão no meu blogroll.

    No final das contas, estamos no meio de uma guerra de percepções. Há aqueles meios de comunicação que não querem criar ansiedade e, portanto, não questionam as previsões e os dados oficiais dos governos, inclusive o brasileiro (que tb quer que as pessoas continuem a investir e consumir, por razões óbvias).

    E há aqueles veículos de comunicação - principalmente blogs - que não têm compromisso com os bancos, corporações etc. Ainda estamos longe de ter um certo equilíbrio entre os dois lados - por isso, é mais difícil duvidar da versão oficial no Brasil. Mas pode ter certeza de que nos EUA, até em sites "centristas", como o Market Watch, os analistas estão cada vez mais estarrecidos com a manipulação descarada de TODOS os mercados de ativos, de ações a metais preciosos a títulos de renda fixa. Os manipuladores são os grandes bancos comerciais e de investimentos (com seus algoritmos de high-frequency trading), os governos, o shadow banking system etc.

    Veja o caso do Paul Farrel, que eu traduzi. Ele usa, repetidamente, a expressão "sucker", que traduz como "trouxa" ou "otário", para designar os investidores em bolsas. E o Farrell não é nenhum anarquista radical.

    Abs,

    Marco Aurélio

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