sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Duas Possíveis Razões para o Aumento nas Taxas das Notas de 10 Anos do Tesouro dos EUA

Por Addison Wiggin
The Daily Reckoning

Postado por Marco Aurélio

(8/12/10, Baltimore, EUA) – Acho que não era isso que o Bernanke estava esperando quando iniciou mais uma rodada de dinheiro fácil, há cinco semanas.

É verdade que o Bernanke prometeu baixar as taxas de juro de longo prazo. Mas, esta manhã, o rendimento de um título do Tesouro de dez anos bateu seu nível mais alto em seis meses: 3,28%.

Bernanke: Tiro pela Culatra
 Taxas de Notas do Tesouro de 10 Anos em Nível Mais Alto desde Maio

Há duas explicações possíveis ... uma inocente, e uma mais provável.

A inocente, empurrada pelo Deutsche Bank, foca os cortes nos impostos sobre a folha de pagamento, parte da Grande Negociação entre o Obama e os republicanos no Congresso. O Deutsche Bank calcula que isso vai acrescentar 0,7% ao PIB durante os próximos dois anos.

Mas a explicação mais provável é evidente até mesmo para os analistas meio lentos da Moody's e Fitch: a Grande Negociação só vai enfiar o governo dos EUA em um buraco ainda mais fundo.

As agências de rating avaliam que, se cortes de gastos não fizerem parte do negócio, o compromisso entre Obama e o Congresso vai adicionar mais USD 1 trilhão à dívida nacional - muito além de qualquer coisa já foi precificada pelo mercado.

O Tesouro dos EUA planeja leiloar USD 21 bilhões em notas de 10 anos hoje. Vai ser interessante ver o resultado.

Mas será que é para alguém ficar surpreso? Depois que Bernanke lançou a primeira rodada de "flexibilização quantitativa", em março de 2009, a taxa sobre os títulos de 10 anos pularam de 2,5% para mais de 4% em três meses.

Nossa previsão: esperem 4% no início de fevereiro. E vamos além.

"Toda corrida chega a um fim", diz Jim Nelson, nosso especialista em investimentos. "Em 17 de novembro, essa verdade se afirmou no mercado de fundos de renda fixa. Foi a primeira semana, entre as 100 anteriores, que viu uma saída líquida de dinheiro.

"Os investidores, depois de quase dois anos de adquirir títulos como loucos, estão finalmente desconfiados sobre o futuro dos títulos."

Mudança na Maré?
Fluxos Líquidos em Fundos de Títulos (Bilhões de USD)

Essa saída continuou na semana que terminou em 1 de dezembro, de acordo com um relatório de analistas da EPFR Global. Poucos setores foram poupados ...

    * Os fundos de títulos globais sofreram a sua segunda-maior saída em 3 semanas.
    * Os resgates em fundos de alto rendimento atingiram o nível mais alto em seis meses.
    * Os fundos de títulos de mercados emergentes viram duas semanas consecutivas de saídas, pela primeira vez desde abril de 2009.

Não faltam razões para isso, diz Jim.
Podemos começar com o QE2 ... e acrescentar as preocupações associadas com o enorme pacote de socorro financeiro para a Irlanda ... e adicionar o fundo de resgate permanente para a zona do euro. E qual é o resultado? Investidores apavorados e confusos.
Isso não quer dizer que eles não vão esquecer isso em poucos dias e voltar, de forma maciça, para os fundos de títulos. Mas se este agora é um verdadeiro ponto de virada, poderemos em breve ver algumas oportunidades de desconto - algo que não vimos há um bom tempo.
Mas, mesmo enquanto o resto do mundo se debate com questões difíceis, a gente se encontra em uma posição privilegiada. Temos uma série de possibilidades de investimento sólidas e subvalorizada, com uma abundância de capital próprio e dividendos crescentes".
Ah, os dividendos. Serão a chave para investidores focados em renda, caso o mercado altista (bull market) de 28 anos em títulos tenha realmente acabado. 

Pelo menos esse mérito o Grande Negócio do Obama com o Partido Republicano possui: não vai mexer com a taxa de imposto sobre o rendimento de dividendos – pelo menos por mais dois anos.

Addison Wiggin
The Daily Reckoning

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