quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

T-Bonds a 5%: O Nível que Vai Marcar uma Crise no Bond Market dos EUA

Queda nos Títulos do Governo Americano Ameaça Ilusão de Controle do Fed
Rick Ackerman
8 dezembro de 2010

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Postado por Marco Aurélio

Ben Bernanke, que prometeu jogar dinheiro de helicópteros, se necessário, para combater uma deflação japonesa nos EUA, apareceu no programa 60 Minutes, da rede de TV CBS, na noite de domingo, 5/12/10.

Disse tantas coisas estapafúrdias que é difícil saber por onde começar a criticá-lo. O assim-chamado "entrevistador", Scott Pelley, demonstrou claramente não ter a mínima idéia do que estava falando. Vamos ter que esperar até que o deputado Ron Paul enfrente Bernanke no Congresso americano – só então vamos obter uma imagem mais clara das questões que, segundo o presidente do Fed, estão sob controle.

Durante a entrevista de domingo, o chefe do Fed negou estar imprimindo dinheiro. Pelley não o questionou quanto a essa tecnicalidade. Bernanke também disse que é capaz de matar a inflação de uma hora para a outra, se necessário. Esse absurdo, muito longe do alcance intelectual de Pelley, também passou impune. Ou talvez Pelley não se importe com as implicações letais para a economia implícitas nessa "solução", quais sejam, taxas de juro mais elevadas.

A hora da verdade para a flexibilização quantitativa

Temos péssimas notícias para quem acredita na eficácia da flexibilização quantitativa. Esse aviso vale tanto para o presidente do Fed, quanto para todo mundo que tem dívidas.


Uma olhada no gráfico acima ajuda a entender o por quê. O preço dos títulos de trinta anos no mercado futuro vem caindo feio há dois meses, com um aumento correspondente na taxa de juros. A taxa dos títulos de longo prazo estava em 3,73%, quando a queda começou. Agora está em torno de 4,43% - um aumento de quase 20%. Rick's Picks espera que o T-Bond de março continue a cair, possivelmente para um "pivot oculto" de apoio de 120 10/32. Nesse ponto, as taxas terão subido para cerca de 4,60%.

As coisas poderão ficar muito feias, no entanto, se a sustentação falhar, já que essa ocorrência poderia derrubar os futuros, até chegarem a 117 22/32. A esse preço, as taxas de longo prazo estariam em torno de 4,82%. Aplique essa taxa asfixiante à dívida pública, hipotecas ajustáveis e crédito ao consumidor, e o custo extra seria de centenas de bilhões de dólares para os contribuintes, mutuários e consumidores.

As expectativas mudam

Mas vai ser aí que os problemas do Bernanke vão começar, já que sua principal tarefa é, no final das contas, gerenciar expectativas. Com as taxas de longo prazo subindo lentamente rumo a 5%, esse número viraria um ímã: os credores tomariam como certa a possibilidade da marca de 5% ser alcançada. Inicialmente, o dólar se fortaleceria, à medida que as taxas de juros se soltassem de suas amarras administrativas e subissem rumo a níveis de mercado. Essa tendência poderia continuar, concebivelmente, por alguns meses - talvez por um ano - até que se torne claro que os custos mais altos dos empréstimos estão empurrando os títulos do Tesouro dos EUA rumo a um ponto de ruptura.

Ninguém pode prever o que vai acontecer se as percepções se transformarem em pânico. Mas, de maneira mais imediata, os mercados podem adquirir uma dinâmica própria, fadando ao fracasso os esforços do Fed de suprimir as taxas de juros reais usando nada mais que trapaças, mentiras e enganos.

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