sábado, 11 de dezembro de 2010

Inflação e Superaquecimento Ameaçam Economia Chinesa

Por Marco Aurélio

Na hora de avaliar o estado da economia chinesa, três dados interessam a Li Keqiang, chefe do Partido comunista da China e provável sucessor de Wen Jiabao, atual primeiro-ministro.

Graças a um dos documentos diplomáticos dos EUA vazados pelo WikiLeaks de Julian Assange, o mundo ficou sabendo que, em um jantar recente com o embaixador dos EUA, Keqiang afirmou que, para saber a real situação da economia do país, bastam três indicadores: consumo de energia elétrica, volume de carga transportado por ferrovias e concessão de crédito por bancos. O resto, disse, incluindo o PIB, são dados, em suas palavras, que não merecem muita confiança.


Hoje, Keqiang com certeza também presta atenção à impressão de dinheiro que tomou conta da economia americana. A inflação tornou-se o principal produto de exportação dos EUA. Como explica Chris Mayer, do The Daily Reckoning:
Hoje, a inflação está na boca de todo mundo... na Ásia. Com o presidente do Fed, Ben Bernanke, permanentemente ocupado em injetar dinheiro na base monetária dos EUA para combater o que ele percebe ser uma ameaça deflacionária, acaba-se por colocar pressão sobre as economias no exterior, que se vêem obrigadas a imprimir dinheiro no mesmo ritmo. Querem evitar que suas moedas apreciem contra o dólar, tornando-se menos "competitivas". A mecânica por trás de tudo isso é um pouco complicada, mas o resumo da ópera é que os EUA estão "exportando inflação".

Esse tópico importante chegou aos prinicipais jornais ontem na seção Money & Investing do The Wall Street Journal. O jornal publicou dados sobre as taxas de inflação oficiais das maiores economias de mercados emergentes da Ásia.

A Índia lidera o grupo com uma taxa oficial de inflação de 8,6%. Nesse ritmo, os preços dobram na Índia em menos de nove anos. A Indonésia está em 5,8%, a China, em 4,4% e a Coréia do Sul, em 4,1%. São números acima das expectativas – e estão aumentando. Os investidores temem que os bancos centrais desses países apertem as atuais políticas monetárias liberais para tentar controlar a inflação.

Ao fazer isso, os investidores mostram uma preocupação com a possibilidade de desaceleração ou mesmo retração no crescimento econômico. Isso teria um grande impacto sobre os mercados de ações em todo o mundo, já que a maior parte do crescimento que as empresas obtiveram no ano passado veio dos mercados asiáticos. Afinal, os preços das commodities, que têm feito a alegria de muitos  investidores, foram impulsionados, em boa parte, pela demanda crescente de lugares como a Ásia.

A China já está ocupada tentando conter os aumentos de preços. Implementou controles – que nunca funcionam. Também tentou aumentar as reservas compulsórias de seus bancos, forçando-os, essencialmente, a manter mais em reservas e a emprestar menos.
De fato, o aquecimento na economia chinesa, bem como a inflação resultante, é uma preocupação central das autoridades. Sabem de seu potencial para causar distúrbios sociais em um país com oito cidades com uma população superior a 10 milhões e 221 cidades com mais de um milhão de habitantes.

No final dos anos 80, a inflação era o problema mais sério da economia chinesa. De um nível de 7,3% em 1987, a taxa saltou para 18,5% em 1988. O caos econômico do período foi uma das forças por trás do massacre da Praça da Paz Celestial de junho de 1989, quando milhares de chineses – principalmente estudantes – foram mortos pelo Exército Vermelho.

Zero Hedge confirma o aquecimento na economia chinesa:
Os índices de preços aos consumidores e aos produtores acabam de ser publicados: o IPC chegou a 5,1%, em linha com as expectativas do mercado, mas acima do consenso oficial de 4,7%. De longe, foi o número mais alto em mais de dois anos. O IPP excedeu a expectativa em 100 pontos-base, cravando 6,1%, em comparação com a expectativa de 5,1%. Esses "dados" devem ser suficientes para anular o impacto da elevação das taxas de reservas compulsórias de ontem à noite e forçar o banco central chinês a aumentar a taxa de juros. Se o banco central chinês não agir, vale perguntar por que o Politburo permitiria a divulgação de dados que apenas colocam ainda mais lenha no fogo do pavor inflacionário chinês.

Os preços ao consumidor subiram 5,1% ante o ano anterior, impulsionados pelos custos de alimentos, de acordo com um relatório do gabinete de estatísticas publicado hoje em Pequim. Isso foi acima da previsão média de 4,7% feita pela Bloomberg News em enquete com 29 de economistas. Em outubro, a inflação foi de 4,4%.

A alta nos preços ao consumidor e os grandes fluxos de capital na economia que mais cresce no mundo podem levar o banco central a estender o aumento de outubro nas taxas de referência – o primeiro desde 2007. O Banco Central chinês elevou ontem as reservas compulsórias para os bancos pela terceira vez em cinco semanas, a fim de retirar dinheiro do sistema financeiro.

"A justificativa para uma elevação das taxas para ajudar a gerenciar as expectativas de inflação agora é indiscutível", disse Wang Tao, um economista de Pequim baseado no UBS AG, antes do anúncio de hoje.

A China, que ultrapassou o Japão como a segunda-maior economia do mundo no segundo e terceiro trimestres deste ano, está atrás de países asiáticos como a Malásia e a Coreia do Sul na elevação de custos de empréstimos.

O relatório de hoje mostrou que o  crescimento da produção industrial chinesa acelerou para 13,3% no mês passado em comparação com o ano anterior. O número excedeu a estimativa mediana dos economistas de 13%.

As vendas no varejo subiram 18,7%. Investimentos em ativos fixos urbanos aumentaram 24,9% nos 11 primeiros meses de 2010 ante o ano anterior, ultrapassando a estimativa dos analistas de um ganho médio 24,3%.

O relatório também mostrou que os preços aos produtores subiram 6,1% em novembro ante o ano anterior, superando a previsão mediana de analistas de 5,1%. Os custos das matérias-primas como cimento, aço, combustível e algodão tiveram um salto, como mostra um levantamento dos gerentes de compras de 1 de dezembro.

Capital Economics Ltd., com sede em Londres, disse ontem que um aumento da taxa, após uma reunião de altos funcionários do governo chinês para discutir política econômica em Pequim neste fim-de-semana, "não pode ser descartada". O Politburo já anunciou oficialmente que o país vai mudar no próximo ano para uma política monetária mais apertada e "prudente".

A taxa de depósito de referência de um ano está em 2,5%, inferior ao ritmo da inflação, e a taxa para empréstimos está em 5,56%. O índice de ações Shanghai Composite caiu 10% de seu ponto alto de 8 de novembro, aumentando as perdas no ano para 13%. A queda foi movida pela preocupação de que um aperto na política monetária reduzirá o crescimento econômico e os lucros.

"A inflação está se tornando o principal desafio para o governo nos próximos meses. Faz sentido que pensem em remédios mais fortes", disse Brian Jackson, um analista baseado em Hong Kong do Royal Bank of Canadá, antes da divulgação dos dados de hoje. Esses remédios podem incluir um ritmo mais rápido de valorização do yuan, bem como taxas mais elevadas no final do ano, disse.

6 comentários:

  1. E o Brasil seguindo os passos dos chineses. Eles aumentam o compulsório lá, nos aumentamos aqui também...

    Mas acho que início do ano que vem provavelmente teremos aumento da taxa de juros tanto lá quanto aqui.

    Abcs,

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  2. GOSTEI DO POST,, MUITO BOM!!!
    http://investindo-mes-a-mes.criarumblog.com/Primeiro-blog-b1.htm

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  4. BOA TARDE,
    Eu estou com a intenção de migrar meus investimentos da previdencia privada , para o tesouro direto , uma vez que a minha intenção no final do plano é retirar o capital e reaplica-lo. O motivo seria os melhores retornos do tesouro direto e o IR que é aplicado sobre o lucro. Poderia por gentileza dar a sua opinião sobre esta intenção, pois estou na dúvida se estou tomando a decisão correta.
    http://investindo-mes-a-mes.criarumblog.com/Primeiro-blog-b1.
    Obrigado,
    Eduardo

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  5. Muito bom!

    Uruguay llegó a tener en 1999, 56 toneladas de oro, distribuidas en las bóvedas del Banco Central y en el exterior que se vendieron entre los años 2000 y 2001. Si se observa el precio del metal hoy en día, el negocio fue muy malo. Por esas 56 toneladas de oro se obtuvieron entre 500 millones y 600 millones de dólares: hoy valdrían 2.840 millones, casi 5 veces más.

    http://www.oroyfinanzas.com/2011/05/uruguay-vendio-sus-reservas-de-oro-entre-los-anos-2000-y-2001/

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  6. Site bacana!

    Pena que você não atualiza mais. Tem interesse de desenvolver uma parceria?

    Aguardo seu contato.

    Guilherme

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