The Institutional Risk Analyst
2 de dezembro de 2010
Postado por Marco Aurélio
Institutional Risk Analytics (IRA) participou do programa, no canal MSNBC, do nosso amigo Dylan Ratigan, um dos poucos profissionais da Grande Mídia que tem a coragem de tirar as conclusões óbvias sobre o atual mal-estar político-econômico dos EUA. Resumo: não haverá recuperação da oferta de crédito ou de empregos na economia dos EUA até que o Obama reestruture os maiores bancos. Talvez se o Obama passasse mais tempo fazendo o seu trabalho e menos tempo jogando basquete, obteríamos alguns resultados.
No início desta semana, estivemos no estado de Indiana, para uma palestra-almoço promovida pelo Networks Financial Institute na Indiana State University. O nome da palestra foi: "A América Precisa de um New Deal?" A platéia de banqueiros e empresários locais tinha duas questões prinicpais em mente: o crescimento econômico e o emprego. Após a palestra, recebemos esta nota de agradecimento de uma participante:
Não desistam. Não parem. Continuem a bater neles. Nós aqui nas cidades comuns dos EUA estamos ouvindo, observando e esperando que todo o edifício desabe numa nuvem de pó, para que possamos tirar o governo e a oligarquia financeira das nossas costas e começar a reconstruir a América real.
Depois do evento em Evansville, voltamos para Indianápolis e paramos para almoçar em um restaurante italiano perto da cidade de Terre Haute. Na parte de trás da sala de jantar havia uma grande mesa, com uma dúzia de senhoras almoçando. Eram as senhora do Red Hat Society. Apesar do entusiasmo da Grande Mídia em tecer comentários de um otimismo nebuloso e realismo duvidoso no ar rarefeito da crise que se alonga e agrava, é bom saber que, em alguns lugares na América pelo menos, as pessoas ainda estão tentando viver vidas normais.
Também recebemos uma nota de um leitor do The IRA, que gentilmente enviou o depoimento de ontem pelo vice-presidente do Freddie Mac, Donald Bisenius, sobre o custo nos atrasos nos processos de arrestos de imóveis (foreclosure). Seus comentários contradizem diretamente as declarações anteriores de executivos de vários dos maiores bancos dos EUA sobre o custo crescente de processamento.
... A cada dia, a cada mês que esperamos para começar os processos de arresto (suspensos após a descoberta de fraudes generalizadas), os custos do processo de arresto se acumulam. Um rápido cálculo matemático, como sugeri no meu testemunho por escrito aos tribunais, indica que são de USD 30 a USD 40 por dia. Se temos 300 mil empréstimos em processo de arresto, isso pode começar a representar centenas de milhões de dólares por mês com esses atrasos. Temos que encontrar uma maneira de acabar com a confusão. Sei que o arresto é um processo doloroso e confuso.
Vale a pena notar que esta afirmação de Bisenius contradiz o que foi dito na teleconferência do terceiro trimestre por Brian Moynihan, CEO do Bank of America Corporation (BAC):
Em termos de custos reais para a nossa empresa, no ramo das hipotecas, passamos de cerca de 30.000 pessoas para 50.000 pessoas. A parte de arresto é, na verdade, uma pequena parte desse negócio. O trabalho que antecede o arresto, as coletas e os esforços de modificação dos termos da hipoteca, é aí que entra a maior parte do trabalho. São, então, USD 10 milhões, USD 20 milhões por mês, durante alguns meses, ou vários meses. Por isso não é tão importante. O custo no negócio hipotecário, e uma das razões por trás dos nossos gastos, especialmente para quem vê de fora – bem, muita gente se pergunta por que as despesas nesses processos de arresto não são mais altas. É que continuamos a estruturar equipes para fazer as modificações nos termos do contrato e a cobrar o crédito inadimplente, trabalhando com os devedores, com os clientes, para ajudá-los a evitar o arresto de suas casas e, em último caso, se necessário, fazer o arresto. Mas o custo real do processo – em particular, de refazer 100.000 declarações juramentadas que estavam erradas, para acertar o processo – tem sido modesto no contexto do grande número de pessoas trabalhando nele.
Ratings de Bancos no Terceiro Trimestre de 2010: Bancos Pequenos Melhoram, Putrefação dos Zumbis “Too Big to Fail” Continua
Os dados do 3T 2010 do FDIC estão atualizados nas versões profissional e para consumidor do The IRA Bank Monitor. A última matriz de classificação com a distribuição do setor bancário por unidades e ativos totais está disponível em nosso site. Você pode adquirir uma assinatura anual para os perfis de bancos individuais do The IRA Bank Monitor para qualquer empresa detentora de depósitos, ou holding bancária, segurada pelo FDIC. É só ir ao site para consumidores do IRA (www.irabankratings.com).
O ponto-chave a ser lembrado é a volatilidade continuada nas demonstrações financeiras bancárias, como demonstrado pelo movimento entre os diferentes estratos de classificação (different ratings strata). Esse tipo de volatilidade é normal no desempenho tanto de bancos quanto de não-bancos, mas o atual período de estresse operacional e de crédito está aumentando essas distorções. Quando você vê esse tipo de instabilidade na divulgação financeira dos bancos, isso sugere fortemente que os bancos estão sob severo estresse operacional.
Observem que há agora 1.600 bancos com avaliações "F" (no 3T 2010), ou aproximadamente o dobro do número de bancos agora na lista de bancos-problemas do FDIC. Mas note também que o número de bancos avaliados com "C" e "D" tem diminuído. Isso ocorre à medida que os bancos bons continuam a receber melhores avaliações. Esse fato parece confirmar nossa opinião de que os bancos menores, que são melhor-administrados, estão melhorando lentamente, enquanto as instituições problemáticas continuam a sofrer.
Observem também que a banda de avaliações "B" e "C" contém a maior parte dos ativos totais, USD 4,9 e USD 1,7 trilhões, respectivamente. Essas categorias de ratings contêm os quatro principais bancos-zumbis: BAC (BAC/Q3 2010 Stress Rating: "C"), JPMorgan Chase (JPM/Q3 2010 Stress Rating: "C"), Wells Fargo (WFC/Q3 2010 Stress Rating: "B") and Citigroup (C/Q3 2010 Stress Rating: "C"). Assim, a boa notícia é que os bancos menores estão melhorando, mas os bancos maiores, que representam mais da metade dos ativos do ramo, devem permanecer sob uma nuvem, devido a problemas antigos.
À medida que as instituições menores no ramo melhoram lentamente, prevemos que os ratings para essas instituições maiores continuarão a cair, à medida que o stress operacional ilustrado pelos parágrafos acima ficar mais agudo. Continuamos a acreditar que o BAC terá de ser reestruturado pelo FDIC usando os poderes da Lei Dodd Frank, mas talvez não antes da administração do banco decidir tentar a sorte com um pedido de falência da Countrywide, uma de suas unidades.
Em tempo: quem disse que os problemas do setor bancário na UE são piores do que aqueles dos EUA? Fiquem atentos.
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