terça-feira, 16 de novembro de 2010

Chris Martenson Entrevista Steve Keen – Parte 1



Postado por Marco Aurélio

Chris Martenson: Da sua casa na Austrália, você tem uma posição privilegiada para acompanhar a ascensão da economia asiática. Se/quando os EUA derem um default sobre suas obrigações de dívida (quer seja por meio da desvalorização da moeda, quer seja um default puro), que passos específicos você acredita que a China e o Japão seguirão para proteger seus interesses?

Steve Keen: A China já está fazendo isso – lançou um programa deliberado de industrialização por meio da relocalização da produção de empresas multinacionais ocidentais da América (e de outros países também), e, ao contrário de grande parte do Terceiro Mundo, exigiu que essas empresas estrangeiras fechassem com parceiros locais e transferissem grande parte do capital, ao longo do tempo, a cidadãos chineses. Então, eles ganharam a Guerra da Industrialização ao longo das três últimas décadas, enquanto o Ocidente perdeu. Essa industrialização foi essencialmente dirigida para as vendas de exportação, financiadas por dívida; agora que as vendas estão secando, a China está se agarrando ao capital e à experiência que acumulou, e redirecionando a produção tão rapidamente quanto possível para a demanda doméstica.

Eles também estão saindo do dólar, abandonando títulos dos EUA e entrando em commodities. Tentam comprar diretamente recursos a nível mundial, usando o poder de compra do dólar, que acumularam por meio de seus excedentes comerciais. Então, no momento em que chegar o momento do default - ou, mais provavelmente, antes da desvalorização do dólar se tornar extrema -, terão transformado seus ativos monetários em ativos reais.

O Japão provavelmente será muito menos determinado em suas ações. É provável que se agarre aos títulos do governo americano, mesmo enquanto o dólar depreciar. Mas a liquidação de participações privadas de ativos financeiros dos EUA deve ampliar a tendência de queda do dólar.

Chris Martenson: Qual a sua opinião sobre o Pico do Petróleo (Peak Oil)? Especificamente, quando você prevê que o mercado vai reconhecer o seu significado? Qual será seu impacto sobre o crescimento econômico das nações em desenvolvimento?

Steve Keen: Considero o Pico do Petróleo e o aquecimento global desafios muito maiores para a humanidade do que a crise financeira, a qual chamo, às vezes, de "Pico do Endividamento" (Peak Debt). Fico espantado com o fato de que o conhecimento popular sobre o Pico do Petróleo é ainda tão limitado, quando as provas são bastante convincentes e os conceitos básicos bastante simples. O fato de que os EUA se apaixonaram completamente com caminhonetes e carros grandes durante o boom do subprime é apenas um outro indicador de como falta visão à espécie humana, apesar da nossa inteligência incrível.

O mercado financeiro provavelmente vai reagir ao Pico do Petróleo cinco ou dez anos depois de termos passado o pico, e o mercado físico – os meios de transporte que continuamos a comprar, a forma como geramos energia – demora mais de 30 anos para reagir. Deveríamos ter desenvolvido sistemas de transporte como a grade de levitação magnética SkyTran há uma década ou mais.

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