segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Roubini: Comparando a Espanha com os Outros PIIGS

Abaixo está a tradução das páginas introdutórias do pdf da Roubini Global Economics (RGE). O restante do documento pode ser lido aqui. M.A.

Postado por Marco Aurélio


Nouriel Roubini
Elisa Parisi-Capone
Christian Menegatti

25 de novembro de 2010

A crise se espalha pelo Europa, com o contágio pulando da Irlanda para a Espanha. Ambas têm vulnerabilidades importantes, desenvolvidas na esteira do boom e quebra de seu setor imobiliário, com um grande excesso de dívidas podres pesando sobre o setor bancário. Uma comparação de preços mostra que a bolha imobiliária na Espanha foi mais grave do que nos Estados Unidos, mas menos do que na Irlanda.

O louvável sistema espanhol de provisionamento de reservas suficientes para pagamentos duvidosos fornece um raro alívio no quadro de crise, mas uma comparação das relações entre preços e aluguéis mostra que a maior parte da correção no preço dos imóveis ainda está por vir. Assim, a pressão sobre o sistema bancário deve aumentar.

Ao contrário da Irlanda, a economia espanhola está sujeita a problemas de rigidez estrutural que impedem um ajuste rápido da competitividade por meio da desvalorização interna, dificultando um rápido retorno ao crescimento. Embora o desempenho fiscal deste ano esteja de acordo com o plano já estabelecido, a meta fiscal de 2011 de 6%, em meio a um cenário de austeridade fiscal, será mais difícil de atingir. De algumas maneiras, os fundamentos macroeconômicos e financeiros da Espanha são melhores do que os de outros países da periferia européia (por exemplo, destacam-se na Espanha a poupança nacional e os níveis de dívida pública). Mas, em muitas dimensões, esses fundamentos são piores, e as vulnerabilidades financeiras, mais graves (podemos citar como exemplos a taxa de desemprego e grandes necessidades de financiamento).

Se as pressões de liquidez corrente não amainarem e a Espanha for obrigada a recorrer ao mecanismo de financiamento da UE, depois da Irlanda – e possivelmente Portugal – o ter feito, os €500 bilhões em recursos da UE (para além dos €250 bilhões ainda não empenhados pelo FMI) dariam pouquíssima margem de manobra. Essa situação tornaria a Espanha uma candidata a ser socorrida que é, ao mesmo tempo, grande demais para quebrar e grande demais para salvar, abrindo as portas para a especulação contra a coesão da zona do euro.

Falta agora ver se o acréscimo de €140 bilhões em garantias, sugerido por Axel Weber do BCE, é suficiente ou politicamente viável.

Apresentação

O contágio já chegou à Espanha, tanto no que diz respeito à dívida soberana quanto em relação a seu sistema bancário. Vem na esteira dos problemas financeiros da Irlanda e de seu pedido de socorro financeiro. Em contraste com a Grécia, onde as principais vulnerabilidades estão centradas no setor público, tanto a Espanha quanto a Irlanda têm grandes desequilíbrios em seu setor privado, criados pelo esvaziamento de uma bolha imobiliária.

Como o fluxo de excesso de poupança do exterior diminuiu após o estouro da bolha, as perdas privadas estão sendo socializadas, com conseqüências desastrosas para o balanço do setor público, embora não na mesma medida que na Irlanda.

O setor bancário da Irlanda, grande demais em relação a seu PIB, bem como a decisão de seu governo de garantir seus bancos, que também são grandes demais para a Irlanda salvar por conta própria, aceleraram a dinâmica insustentável da dívida. Mas é preciso perguntar: sera que a Espanha é um caso com diferenças fundamentais? Os investidores pareciam dispostos a dar uma chance à Espanha, mas a dinâmica que tomou conta do mercado desde que a Irlanda pediu ajuda financeira mostra que a situação está sendo reavaliada. Na opinião da Roubini Global Economics, as preocupações atuais são, em parte, justificadas com base nos fundamentos, especialmente se os custos dos empréstimos e dos prêmios de liquidez continuarem a subir.

Os comentários do presidente do Bundesbank alemão, Axel Weber, de que o fundo de resgate de €500 bilhões pode ser aumentado, se necessário, para evitar o colapso do euro demonstra que essa preocupação é compartilhada até mesmo por quem se opõe ao socorro com mais veemência.

(Para ler o restante to relatório em formato pdf, em inglês, clique aqui).

Clique no gráfico abaixo para ampliar.



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