sábado, 13 de novembro de 2010

Dois É Bom, Três É Melhor?

Jim Rickards

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Postado por Marco Aurélio
 
(9 de novembro, 2010 – King World News) Muito se falou sobre o movimento de hoje nos preços do ouro e da prata. Começando com o salto na segunda, dia 8, depois que saiu o editorial de Zoellick no Financial Times, o mercado subiu rapidamente durante a maior parte do dia e depois se deparou com um bolsão de ar expressivo, caindo 2% para o ouro e quase 5% para a prata, durante um curto espaço de tempo no final do pregão.

Numa base técnica, não há nada surpreendente nisso; já vimos movimentos semelhantes antes e espero vê-los novamente. A tendência geral parece ser uma compra forte a níveis progressivamente mais altos, mesmo depois de correções acentuadas. Não há nada muito assustador nisso e nada que indique que as tendências primárias ainda não estejam intactas.

O que foi digno de mênção foi o agente catalisador para a retraída – especificamente, um aumento nas exigências de margem (margin requirements) para contratos futuros de prata. Não houve mudança comparável nas margens dos contratos futuros para o ouro mas, como frequentemente acontece, nos mercados houve um contágio imediato vindo da prata e afetando o ouro, apesar das circunstâncias diferentes. Mas, repito, não é nenhuma surpresa que os mercados estejam em grande medida correlacionados, mesmo quando uma notícia afeta só um ou outro.

Esse é um lembrete claro aos leitores e ouvintes da King World News e é algo que já discutimos antes. A maioria dos mercados consiste de duas partes, o comprador e o vendedor. Mas, no mercado futuro, há uma terceira parte em cada trade – a bolsa, ou, sendo mais específico, as entidades que determinam as regras e os panéis que estabelecem as exigências de margem em cada bolsa. Eles agem não pelo bem dos compradores e vendedores, mas pelo bem da própria bolsa, e é seu dever regimentar manter a ordem nos mercados. Claro, o significado da palavra “ordem” varia de pessoa para pessoa. O que pode ser um salto “ordeiro” para uma posição comprada pode ser desordeiro para uma posição vendida. De qualquer forma, a bolsa tem a última palavra. Existem muitas ferramentas a sua disposição. Podem aumentar as exigências de margem inicial (o valor que você deve disponibilizar ao abrir um contrato), podem aumentar a frequência da variação de margem (obrigá-lo a repor  durante o dia, ao invés de ao final dele) e podem exigir “trading apenas para liquidação” (trading for liquidation only), o que significa que os comprados podem assumir posições vendidas e os vendidos podem assumir posições compradas, mas ninguém pode expandir uma posição ou aumentar o interesse em aberto. Por fim, uma bolsa pode suspender a entrega física e permitir apenas compensações e rolagem (offsets and rolls). Todas essas regras já foram invocadas inúmeras vezes e o serão novamente no futuro.

Quase sempre as partes prejudicadas por essas ações reclamam que a bolsa está “mudando as regras no meio do jogo”. Essa é uma perspectiva ingênua e sem sentido. O fato é que a capacidade de mudar a regra é também uma regra. As bolsas não está mudando as regras – apenas usando um conjunto alternativo de regras que já existem. Os traders devem parar de reclamar e ler o manual. Está tudo lá.

O que é mais intrigante é, o que motiva os responsáveis pelas bolsas a usar essas regras? Será que é realmente um mercado necessitando ordem (a razão costumeira), ou será que é parte de um esforço coordenado maior, envolvendo reguladores federais e agentes governamentais, na tentativa de fazer o possível e o impossível para levantar preços de ativos de risco, como imóveis, ações e junk bonds, enquanto empurram para baixo o preço de ativos “porto seguro”, como ouro e prata?

O ponto principal é que, quando compradores e vendedores transacionam no mercado futuro, eles nunca estão sozinhos. As bolsas monitoram tudo que você faz. Nunca ignore o poder das bolsas e dos reguladores e lembre-se sempre que eles usarão esse poder quando convier a eles – e nao a você.

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