quarta-feira, 24 de novembro de 2010

WSJ: Mike Ruppert - Chamando a Atenção para a Situação Alarmante do Petróleo

Postado por Marco Aurélio

O jornalista independente Michael Ruppert previu a recessão global. Agora prevê uma crise energética iminente.

Por ANTHONY KAUFMAN

Michael Ruppert afirma com orgulho que previu a recessão econômica mundial há mais de quatro anos em seu From the Wilderness, um site de notícias. Um investigador do departamento de narcóticos da polícia de Los Angeles na década de 1970, Ruppert deixou a instituição e passou anos tentando expor as ligações entre a CIA e o tráfico de drogas. Depois do 11 de Setembro,  escreveu, em 2004, o best-seller "Atravessando o Rubicão: O Declínio do Império Americano no Fim da Era do Petróleo", publicado pela New Society Publishers e um livro favorito entre os adeptos de teorias da conspiração.

Ruppert, de 58 anos, desde então seguiu rumo ao que acredita ser questões mais prementes: petróleo e energia. ("Deixei o movimento para expor a verdade sobre o 11 de Setembro há cinco anos", diz: "Hoje, não tenho nada a ver com o movimento"). Ele publicou, por conta própria, um novo livro, "A Política Energética Presidencial: 25 Observações sobre as Questões Gêmeas de Energia e Dinheiro". Também soltou um novo filme aclamado pela crítica, "Colapso", em que é tanto o comentarista quanto a única estrela.

Dirigido pelo documentarista Chris Smith ("American Movie"), a maior parte do filme consiste em Ruppert falando sobre os perigos do Pico do Petróleo e a catástrofe iminente que o esgotamento das reservas de petróleo pode provocar. O filme estréia em 6 de novembro em Nova York e no canal pay-per-view FilmBuff.

"A força de 'Colapso' é que Ruppert ... nunca parece um maluco," o crítico Owen Gleiberman, de Entertainment Weekly, escreveu depois da estréia do filme no Festival Internacional de Toronto em setembro. "Você pode não concordar inteiramente com ele, mas vai querer ouvi-lo, porque o que ele diz, esteja certo ou errado, seja profecia ou paranóia, aloja-se em sua mente."

Mas, como em "Fog of War", o documentário sobre o ex-secretário de Defesa Robert S. McNamara, que ganhou o Oscar, Ruppert se apresenta no filme tanto como alguém que sabe do que está falando como de forma duvidosa, deixando que o público faça seu próprio julgamento do homem e de suas idéias. O Wall Street Journal sentou-se com Ruppert para debater petróleo, Wall Street e o "colapso iminente da civilização humana industrializada".

Wall Street Journal: Qual é a mensagem central do seu filme?

Ruppert: Não é possível continuar com o consumo infinito e o crescimento da população infinito num planeta finito.

WSJ: Então o que você acha que precisa ser feito primeiro?

Ruppert: Duas coisas são extremamente importantes: primeiro, um esforço mundial transparente, para valer, a fim de determinar quanto petróleo realmente ainda nos resta. Danem-se os segredos de estado. Não me importo com o que os sauditas, os russos, a BP ou o Chávez querem esconder. Temos que colocar essas estatísticas sobre o petróleo em pratos limpos, da mesma forma que precisamos passar a limpo a contabilidade de Wall Street. Segundo, precisamos criar uma reserva estratégica de petróleo refinado para os estados e municípios, porque eu realmente prevejo um choque de petróleo sério para quando esta recuperação econômica de mentira começar a empurrar para cima o PIB mundial e a demanda por eletricidade. Temos que garantir que teremos serviços básicos.

WSJ: Com bastante firmeza, você desdenha de todas as opções de combustíveis alternativos no filme, chamando o carvão “limpo” de uma “contradição” e o etanol de uma "piada". Como você pode ter tanta certeza?

Ruppert: Com 800 milhões de veículos de combustão interna no planeta, e o fato de que petróleo move 90% do transporte, não há nada capaz de substituir o petróleo. E transporte, é claro, é o que faz tudo funcionar, desde o transporte de coisas até o transporte de pessoas. E você não pode usar tecnologias alternativas numa caminhonete  GMC 2008 ou num avião 747. Uma das coisas que eu deixo bem claras é o tanto de energia que entra na fabricação de produtos: há sete galões de óleo em cada pneu, e todos os plásticos, tintas e resinas são feitos a partir do petróleo.

WSJ: Você acha que há uma maior chance de mudar a situação sob o governo Obama?

Ruppert: Não, não é uma questão de partido político. É uma questão de energia. E o dinheiro é inútil sem energia e dinheiro não tem nenhum respeito pelo poder ou por ideologias. Temos que despertar a consciência de que estamos vivendo em um planeta que está caindo aos pedaços. E temos que manter uma certa relação que é distinta do poder ilusório do dinheiro. Claramente, o poder neste país não está em Washington, e sim em Nova York, com o Fed e com Wall Street.

WSJ: Qual papel você vê para Wall Street?

Ruppert: Até mudar a forma como o dinheiro funciona, nada vai mudar. O paradigma econômico atual exige um crescimento infinito, que inclui desde o sistema bancário de reserva fracional até os juros compostos. Assim, Wall Street precisa, de alguma forma, nos ajudar a encontrar uma economia que funcione sem exigir mais e mais consumo.

WSJ: Você tem sido chamado de "um contador de casos surpreendentes", bem como de um jornalista investigativo em uma cruzada pessoal. Qual é a sua resposta?

Ruppert: Tenho duas: uma é que eu não dou a mínima. Você pode se concentrar em mim ou não, ou você pode se concentrar no provável colapso iminente da civilização humana industrializada, e eu acho que a segunda é a história mais importante. Por outro lado, tenho sido muito maltratado. Tenho sido imobilizado com processos legais há cinco ou seis anos e não é possível lidar com todos ao mesmo tempo. Posso dedicar meu tempo ao meu trabalho investigativo, ou então passar os dias protegendo a minha reputação. E eu acabei tomando a decisão tática de que transmitir a mensagem é mais importante.

WSJ: Há uma grande ironia revelada no filme, onde aprendemos sobre o seu próprio colapso econômico. Você ainda deve o alguel do seu apartamento?

Ruppert: Sim. Mas as pessoas estão se oferecendo para ajudar. Levantamos entre USD 17.000 e USD 18.000 para o fundo de defesa legal, para lutar contra uma decisão absolutamente maluca no estado do Oregon. [A Secretaria do Trabalho e da Indústria do Oregon mandou que Ruppert pague uma indenização por um incidente de assédio sexual no local de trabalho.] Então, eu tenho muito apoio lá fora. Vou fazer o que eu tenho que fazer.

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