quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Discurso de Bernanke Marca Mudança Radical na Política Monetária dos EUA


Richard Duncan
The Daily Reckoning


Postado por Marco Aurélio
 
(23/11/10 - Cingapura) A fala do presidente do Fed, Ben Bernanke, na sexta-feira, 19 de novembro, foi a mais importante desde quando declarou que estaria disposto "a jogar dinheiro de helicópteros" para evitar um colapso deflacionário, em discurso de novembro de 2002. Nesta sua última fala, Bernanke admitiu que o "padrão dólar" tem falhas. Disse,
Da forma como está constituído atualmente, o sistema monetário internacional tem uma falha estrutural: falta-lhe um mecanismo, quer seja de mercado ou não, para induzir os ajustes necessários pelos países superavitários, que podem levar a desequilíbrios persistentes.
Com essa declaração, o Fed revelou que foi conquistado pela lógica expressa em meu livro, "A Crise do Dólar" (John Wiley & Sons, atualizado em 2005). As duas primeiras linhas do livro dizem: 
A principal falha no sistema monetário internacional pós-Bretton Woods é sua incapacidade de evitar desequilíbrios comerciais em grande escala. O tema de "A Crise do Dólar" é que esses desequilíbrios têm desestabilizado a economia global, criando uma bolha de crédito no mundo inteiro.
Nunca antes um representante do alto escalão da política monetária dos EUA admitiu que o padrão dólar é falho. O ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, escreveu em sua autobiografia que o déficit comercial estava longe de ser uma prioridade para os Estados Unidos. Com o discurso de Bernanke, o Fed abandonou essa posição.

Ao reconhecer essa falha no padrão dólar, e com o foco sobre suas consequências desestabilizadoras, Bernanke está alertando o mundo para a mudança mais importante na política comercial dos EUA em mais de uma geração. A inferência é clara: agora que a falha foi reconhecida, algo terá que ser feito para corrigi-la.

O mundo foi avisado de que os Estados Unidos vão tomar medidas para corrigir esse defeito e os desequilíbrios comerciais por ele criados. Se a falha não pode ser corrigida por um esforço internacional coordenado, então deve-se esperar ações unilaterais dos Estados Unidos. Essas ações provavelmente incluirão tarifas alfandegárias. E tarifas teriam um impacto devastador sobre os países que adotam uma estratégia de crescimento movido pelas exportações, especialmente a China.

A última vez que os Estados Unidos recorreram a tarifas alfandegárias foi em 1971, quando o sistema de Bretton Woods entrou em colapso. Naquela época, o presidente Richard Nixon impôs uma "sobretaxa" de 10% sobre todas as importações.

Saudações,

Richard Duncan
The Daily Reckoning

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