terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Fed Está Imprimindo Dinheiro em Excesso

James Turk

Fundador e presidente de GoldMoney.com. Ele é o co-autor de O Colapso do Dólar e editor do Free Gold Money Report.

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Postado por Marco Aurélio

O Fed está imprimindo dinheiro em excesso. Não é preciso ser um gênio para chegar a essa conclusão. E os mercados estão enviando uma mensagem clara em resposta.

Por exemplo, o ouro está sendo negociado a níveis recordes, enquanto a prata atingiu o preço mais alto dos últimos 30 anos. Esses novos preços estão sendo causados por uma razão. Os metais preciosos são sensíveis a mudanças na inflação, tanto a real quanto a resultante de expectativas futuras.

O aumento nos preços dos metais preciosos nos diz que há muita inflação por vir, mas não são só os metais preciosos que estão enviando essa mensagem. De forma mais geral, basta olhar para a tendência dos preços das commodities ao longo dos últimos meses no quadro abaixo do CRB Continuing Commodity Index), que é baseado no preço de 19 produtos diferentes.

Em 4 de junho, o índice CRB fechou em 450,24. Três meses e meio mais tarde, o índice CRB fechou, sexta-feira, em 530,24, uma valorização de 17,7%. Isso representa um salto enorme nos preços, em um período de tempo muito curto. Para colocar esse aumento em perspectiva, equivale a uma taxa anual de 61,8% de "valorização" – embora o nome real seja "inflação".


Os preços das commodities não estão subindo por causa de atividade econômica produtiva, que continua em crise, com desemprego elevado na maior parte do mundo. Os preços das commodities estão subindo porque um excesso de dinheiro está sendo impresso. Mas os relatórios do Fed mostram que M1, uma medida estreita da quantidade total de dólares em circulação, aumentou apenas a uma taxa anualizada de 9,1% nos três meses entre maio de 2010 e agosto de 2010, enquanto M2 aumentou ainda menos. Então por que os preços das commodities estão aumentando a uma taxa ainda mais rápida do que o dinheiro? Há dois motivos.
1. Porque um excesso de dinheiro foi impresso durante anos, e não apenas nos últimos três meses. Isso pode ser demonstrado pela comparação do M3 com a população total dos EUA. Em 2000, havia USD 26.977 em circulação, medida pelo M3, para cada homem, mulher e criança nos Estados Unidos. Esse montante cresceu para USD 46.538, uma taxa de 7,1% de crescimento anual, que é mais de 7 vezes a taxa de 0,9% anuais de crescimento da população durante esse período.

2. A demanda por moeda é geralmente ignorada, mas é uma parte importante da equação. Infelizmente, a demanda não pode ser medida; então temos novamente que recorrer a observações dos preços de mercado para determinar a tendência predominante na demanda por dólares a qualquer dado momento. Assim, por exemplo, podemos examinar o US Dollar Index, que mede a taxa de câmbio do dólar contra uma cesta de moedas. Enquanto as commodities vêm subindo desde 4 de junho, o índice do dólar vem caindo. Reduziu-se em 7,9% nesse período, uma taxa anualizada de 27,6% de declínio. Dado que as pessoas estão optando por segurar outras moedas, no lugar do dólar, como evidenciado pela queda da taxa de câmbio do dólar, fica claro que a demanda pela moeda americana está caindo.
Assim, o dólar está sendo atingido tanto por um aumento na oferta, quanto por uma queda na demanda. Princípios econômicos elementares dizem que essa situação leva a uma queda nos preços, que, quando aplicada ao dinheiro, implica uma diminuição do poder de compra, ou o que hoje é geralmente chamado de "inflação". Se a política monetária não for corrigida e a inflação não for revertida, a hiperinflação será, com o tempo, o resultado inevitável.

Tenho alertado sobre a hiperinflação desde 2 março de 2009, quando escrevi que o dólar estava à beira da hiperinflação. Notei que "o governo federal (dos EUA) embarcou em um curso de gastos descontrolados, e são gastos descontrolados o que provoca uma inflação galopante", a qual, se não for controlada, vira hiperinflação. A tendência não mudou para melhor desde então.

De 28 fevereiro de 2009 a 31 de agosto de 2010, os gastos descontrolados do governo federal resultaram em um aumento USD 2,57 trilhões na dívida nacional. Mas durante esse período o PIB cresceu cerca de meio trilhão de dólares, e o aumento da atividade econômica é ainda menor, uma vez ajustado para a inflação. Portanto, é evidente que precisamos nos perguntar, de que adiantou o socorro aos bancos (bailouts) e os programas de estímulo?

A resposta é “muito pouco”, em termos de atividade econômica, mas há uma consequência sinistra desse frenesi insensato dos formuladores de políticas de endividamento crescente e de criação irresponsável de moeda. Dado que esses dólares não estão sendo utilizados para gerar atividade econômica, estão agora rodando o globo à procura de um porto seguro. Os ativos tangíveis são um dos lugares mais seguros para proteger a riqueza de uma moeda cujo poder aquisitivo está diminuindo.

O resultado é que os mercados de commodities estão em fogo. Os preços não estão subindo por causa da escassez de mercadorias, mas, sim, porque há um excesso de dólares. Um excesso de moeda foi criado, em relação à atividade econômica atual.

Sem uma brusca reviravolta para acabar com as políticas equivocadas seguidas pelos políticos, só pode haver uma conclusão. O dólar caminha para a hiperinflação. Os novos recordes em ouro e prata, uma subida generalizada dos preços das commodities e a tendência renovada de baixa na taxa de câmbio do dólar servem como um "aviso aos navegantes"...

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