Postado por Marco Aurélio
Chris Powell
Secretário-Tesoureiro / GATA - Gold Anti-Trust Action Committee Inc. (Comitê do Movimento Anti-Truste no Mercado de Ouro)
Conferência sobre Investimento de Nova Orleães
Hilton New Orleans Riverside Hotel
Os mercados de metais preciosos apresentam um tremendo potencial para os investidores. Mas também estão envoltos em grande mistério – por um bom motivo.
O ouro é o mercado financeiro menos compreendido. A maioria dos dados oficiais sobre o ouro é, na verdade, pura desinformação.
Anos atrás, o GATA revelou que o Fundo Monetário Internacional, o prinicpal mantenedor de registros sobre reservas oficiais de ouro, permitiu a seus países membros inspecionar o ouro que haviam contratado em regime de leasing. Esse ouro havia deixado seus cofres, mas era como se ainda estivesse lá. O efeito dessa fraude contábil foi enganar o mercado de ouro e levá-lo a pensar que os bancos centrais tinham mais ouro para colocar no mercado do que realmente tinham.
Mas isso é apenas o começo da desinformação.
Em abril de 2009, a China chocou o mundo ao anunciar que suas reservas de ouro haviam aumentado em 76%, de 600 toneladas para 1.054 toneladas. Durante os seis anos anteriores, a China havia relatado ao FMI apenas 600 toneladas. Será que a China havia adquirido as novas 454 toneladas somente no ano seguinte? Pouco provável. Os especialistas agora acreditam que a China adquiriu as 454 novas toneladas no decorrer de vários anos, principalmente por meio da compra da produção de suas próprias mineradoras, em processo de franco crescimento. Assim, durante um período de até seis anos, os dados oficiais sobre as reservas de ouro da China estavam completamente errados.
Este junho deste ano, o Conselho Mundial do Ouro relatou que as reservas de ouro da Arábia Saudita haviam aumentado em 126%, de 143 para 323 toneladas, contando desde apenas 2008. O fato da superpotência de petróleo do mundo comprometer-se a ter ouro em suas reservas externas causou também uma breve sensação.
Mas algumas semanas mais tarde, o governador da Autoridade Monetária da Arábia Saudita, Mohamed Al Jasser, insistiu com repórteres no Kuwait que a Arábia Saudita não tinha comprado o ouro a que os relatórios de junho se referiam, mas que mantivera esse ouro extra o tempo todo no que chamou de "outras contas" - ou seja, em contas não informadas oficialmente. Isso é semelhante à forma como o verdadeiro estado das contas de ouro da China não foi tornado público por seis anos – se é que a verdade está sendo contada mesmo agora.
Alguns analistas acreditam que a China e a Arábia Saudita têm acumulado muito mais ouro do que estão querendo falar e que estão acumulando ainda mais ouro subrepticiamente – a China para dar cobertura (hedge) ao excedente de dólares em divisas e a Arábia Saudita para cobrir tanto os seus excedentes de dólares quanto o esgotamento de suas reservas de petróleo. Acreditam, entretanto, que a China e a Arábia Saudita não podem admitir que essa acumulação esteja ocorrendo para não assustar os mercados cambiais e desvalorizar os seus excedentes de dólares, antes que esses excedentes estejam totalmente cobertos (hedged).
Em agosto de 2009, um consultor da GATA, Rob Kirby, da Kirby Analytics em Toronto, obteve do banco central da Alemanha, o Bundesbank, uma confissão por escrito de que grande parte do ouro nacional da Alemanha é mantido fora do país em "centros comerciais", onde o Bundesbank pode "realizar as suas transações em ouro". Sem confirmar explicitamente que o Federal Reserve Bank de Nova York é um desses "centros comerciais", o Bundesbank informou a Kirby que o Fed de Nova York custodia ouro para 60 nações e organizações internacionais.
Mas exatamente quanto ouro alemão está onde, e para que propósito, especialmente quando o assunto são operações com ouro (trading)? Quanto ouro alemão foi emprestado (leased) ou alienado? O Bundesbank não diz.
Em setembro de 2009, ao buscar acesso a regsitros do ouro do Fed e, em seguida, processar o Fed na Corte Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, o GATA obteve uma admissão sensacional, por escrito, do Fed, assinado por Kevin M. Warsh, membro do Conselho de Governadores do Fed e ex-participante do Grupo de Trabalho do Presidente para Mercados Financeiros – o assim-chamado Plunge Protection Team (Time de Prevenção a Quedas Acentuadas nos mercados de ações). Warsh escreveu que o Fed mantém acordos secretos de swap de ouro com bancos estrangeiros e que esses acordos devem ser mantidos em segredo.
Então será que o ouro das reservas dos EUA foi trocado (swapped)? Será que os Estados Unidos realmente têm 8.200 toneladas de ouro em suas reservas, como afirma há muito tempo?
Warsh, o Governador do Fed, não chegou a dizer que o ouro dos EUA havia sido trocado; apenas que o Fed mantém acordos de swap de ouro. Mas faz mais de meio século que as reservas de ouro dos EUA não são auditadas e a última auditoria não foi completa. Assim, na próxima sessão do Congresso dos EUA, Ron Paul espera introduzir um projeto de lei que vai exigir uma auditoria das reservas de ouro, incluindo especificamente quaisquer ônus sobre elas, como swaps e contratos de arrendamento.
Depois, há os grandes ETFs (fundos negociados em bolsa) de ouro e prata, que foram estabelecidos nos últimos anos – alguns supostamente para ajudar os investidores comuns a investir convenientemente em ouro e prata. Quanto desses metais os ETFs realmente têm?
Enquanto os principais ETFs de ouro e prata freqüentemente relatam suas participações nos metais preciosos, estudos realizados por James Turk, fundador da GoldMoney, e Catherine Austin Fitts, membro do conselho do GATA, junto com seu advogado, Carolyn Betts, sugerem que esses dados tampouco são confiáveis. Pois os principais ETFs não divulgam exatamente onde está o metal. Aliás, seus prospectos de lançamento dizem que não haveria problema mesmo que os ETFs não soubessem onde o metal é guardado em custódia e subcustódia. E os guardiães dos principais ETFs de ouro e prata são, talvez não por coincidência, também os dois grandes bancos internacionais que relatam ter as maiores posições vendidas (shorts) em ouro e prata, posições vendidas que dão a esses bancos e custodiantes do metal um forte interesse em suprimir o preço dos ativos que supostamente deveriam guardar para investidores que, supõe-se, querem que subam em valor.
Quanto ouro e prata os maiores ETFs realmente possuem em seus cofres? Quanto desse total está onerado de alguma forma? Nunca será permitido que os investidores em ETFs saibam.
O maior assim-chamado mercado de ouro "físico" do mundo é aquele mantido pelo London Bullion Market Association. O LBMA publica estatísticas sobre a quantidade de ouro e prata negociada por seus membros. Mas essas estatísticas mostram volumes espetaculares, muito mais metal do que poderia existir. Claro que muito desse metal pode existir e estar sendo vendido e revendido várias vezes por dia. Mas um especialista nesse mercado, Jeffrey Christian, do CPM Group, admitiu na audiência de 25 março da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) dos EUA, como já havia admitido num relatório explicativo publicado em 2000, que o mercado do ouro em Londres é realmente um sistema bancário de ouro fracionário construído sobre o pressuposto de que a maioria dos compradores de ouro nunca vai tomar posse física do seu metal, mas sim deixá-lo em custódia com os membros da LBMA de quem o ouro foi comprado.
Adrian Douglas, membro do Board da GATA, estudou tanto as estatísticas da LBMA quanto o trabalho de Christian. Estima que a grande maioria do ouro vendido pelos membros da LBMA não existe - que a maioria das vendas de ouro por membros da LBMA é altamente alavancada. Até que ponto? Quanto do ouro devido por membros da LBMA não existe de fato? O LBMA não informa. Como as medidas de swap de ouro do Fed, não se pode permitir que o mundo saiba. As consequências poderiam ser catastróficas para os interesses dos bancos que mandam no mundo.
Pois então o mundo poderia entender porque, mesmo com a recente alta dos preços, para acima de USD 1.300 a onça, o ouro não chegou nem perto de acompanhar a inflação, com o aviltamento da moeda, da últimas décadas, e por que o ouro não tem cumprido sua função de hedge contra a inflação. Ou seja, os inimigos do ouro descobriram uma forma de aumentar a sua oferta em muito, sem se dar ao trabalho de escavá-lo da terra. Inventaram o "ouro de papel" - ouro que não existe, mas que muitos compradores aceitam, sem suspeitar que as grandes instituições financeiras podem enganar ou roubá-los.
* * *
O equívoco do mercado do ouro continua com o péssimo jornalismo dos meios de comunicação.
A falsidade dos dados apresentados pelos jornalistas sobre o mercado de ouro é gritante.
Entre outros problemas, encontramos:
* A omissão, pelos relatórios oficiais, da história do ouro, que supostamente está nas reservas oficiais dos governos, mas pode ter passado por processos de leasing ou swap.
* As mudanças enormes e repentinas nos totais oficiais das reservas de ouro de cada país.
* A fraude e os conflitos de interesse nos prospectos de lançamento de ETFs.
A documentação existente sobre o mercado de ouro também é gritantemente suspeita em vários aspectos:
* A existência de posições, enormes e desproporcionais, em ouro, prata, e derivativos de taxas de juros, com posições concentradas em apenas dois ou três bancos internacionais. Essas posições jamais poderiam ter sido realizadas sem a anuência expressa ou implícita do governo dos EUA.
* Dezenas de registros oficiais, coletados e divulgados pelo GATA ao longo dos anos, demonstram os planos e o desejo do governo dos EUA de reprimir e controlar o preço do ouro.
Mas os jornalistas dos cadernos financeiros simplesmente não perguntam sobre esses assuntos. Afinal, quem são os grandes anunciantes na mídia financeira? Os manipuladores de mercado e os próprios governos.
Aqui estão alguns exemplos dessa falha grotesca do jornalismo – coletadas só este ano.
Em junho, o Bank for International Settlements, o banco central dos bancos centrais, revelou, por meio de uma nota de rodapé em seu relatório anual, que tinha realizado um swap de ouro de 346 toneladas – um tamanho sem precedentes. Mas o BIS não deu qualquer explicação. Um escritor de uma newsletter financeira foi em busca da informação; só então a notícia percolou e alcançou os principais véiculos de comunicação. O que será que está acontecendo?
Os repórteres da grande mídia financeira não se dão ao trabalho de ir até a fonte – isto é, não perguntam ao próprio BIS. Simplesmente presumem que os bancos centrais nunca dão respostas sérias sobre seus negócios. Ao invés disso, os repórteres ligam para analistas de mercado para obter o que esperam ser uma espécie de adivinhação bem-informada.
Poucos dias depois que o GATA ridicularizou a agência de notícias Reuters por não exigir respostas da fonte, o BIS, a Reuters tentou fazer perguntas ao banco e, em 16 de julho, relatou: "O BIS afirmou que o ouro em questão foi utilizado para 'operações de swap com bancos comerciais puros’, mas se recusou a responder a mais perguntas da Reuters sobre a transação."
Há um ano venho pedindo a jornalistas financeiros que liguem para a Federal Reserve para pedir uma explicação sobre os swaps de ouro secretos aos quais Warsh, o governador do Fed, admitiu. Até onde sei, nenhuma organização jornalística colocou oficialmente essas questões ao Fed. Mas, com a pulga atrás da orelha, uma repórter de outra agência de notícias importantes, não tendo conseguido autorização do seu editor para seguir uma história sobre o ouro, ligou para o Fed por conta própria e fez perguntas sobre o regime de swap de ouro. Ela me disse que um porta-voz do Fed afirmou: "Oh, nunca falamos sobre essas coisas."
O GATA vem ganhando fama ao longo do último ano, mesmo que com grande dificuldade. Alguns meses atrás, o Financial Times publicou uma longa matéria sobre o ouro, metade da qual continha as queixas do GATA sobre a manipulação do preço do ouro pelos bancos centrais e seus bancos associados encarregados de lidar com ouro físico. Mas o repórter do FT não colocou nenhuma de nossas reclamações e perguntas a qualquer representante de bancos centrais ou de governos.
Como é possível noticiar reclamações sobre a manipulação dos preços do ouro por parte de bancos centrais sem fazer perguntas aos próprios bancos centrais? Novamente, os repórteres parecem tomar como dado que os bancos centrais operam em segredo e não há nenhum sentido em questioná-los.
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Talvez essa negligência jornalística vá mudar um pouco devido ao acontecimento notável ocorrido ontem em Washington.
Um membro da Commodity Futures Trading Commission (CFTC) dos EUA, Bart Chilton, a quem Bill Murphy, presidente do GATA, em uma reunião na sede da CFTC em Washington, em dezembro de 2008, entregou provas da manipulação dos mercados de ouro e prata, fez uma declaração que teve um efeito notável sobre esses mercados. Numa audiência ontem da CFTC, Chilton emitiu uma declaração formal pedindo a sua comissão que atenda o desejo do público de saber mais sobre a investigação aparentemente interminável que a Comissão conduz sobre o mercado de prata.
Chilton acrescentou: "Creio que tem havido tentativas sucessivas de influenciar os preços nos mercados de prata. Tem havido esforços fraudulentos para persuadir e perversamente controlar esse preço. Com base no que me foi dito por membros do público, a em documentos disponíveis publicamente, acredito que ocorreram violações das Leis da Bolsa de Mercadorias (Commodity Exchange Act) nos mercados de prata e que qualquer violação da lei dessa forma deve ser processada."
Em questão de horas, a declaração de Chilton tornou-se uma notícia internacional. Claro que isso não significa que a mídia financeira vai começar a investigar a história da manipulação do mercado de metais preciosos de forma mais vigorosa agora. Mas a história se tornou muito mais difícil de ignorar. Na verdade, há poucas horas, uma ação alegando manipulação dos preços da prata pelo JP Morgan Chase & Co. e pelo HSBC foi ajuizada no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul de Nova York (U.S. District Court for the Southern District of New York).
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Por que o ouro continua tão misterioso? Por que, juntamente com a prata, continua envolto em mistério?
É porque os dois metais preciosos não são apenas dinheiro, mas, do ponto de vista de indivíduos livres, o melhor tipo de dinheiro, menos suscetível ao que os governos vêem como a qualidade mais desejável do dinheiro fiduciário - sua susceptibilidade ao controle do governo e, em particular, sua propensão à desvalorização. Você pode imprimir ou emitir derivativos de ouro e prata em quantidades ilimitadas – mas esse não é o caso dos metais preciosos.
O ouro, em especial, é mantido como um mistério por ser a chave para destravar os mercados cambiais, que há muito tem sido os mecanismos mais eficientes do imperialismo.
Muitos de vocês já ouviram falar sobre o saque da Europa pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a maioria desse processo de roubo não ocorreu de forma violenta. Ocorreu por meio dos mercados cambiais.
Esse saque pelos mercados cambiais foi descrito, em novembro de 1943, por uma carta de inteligência militar publicada pelo Departamento de Guerra dos EUA, denominada “Tendências Táticas e Técnicas”. É claro que a ocupação nazista confiscou quaisquer reservas de ouro que os bancos centrais dos países ocupados não houvessem enviado para o exterior a tempo. Mas, depois disso, a ocupação nazista ou emitiu uma moeda especial de ocupação que não poderia ser usada na própria Alemanha ou nos países que tinham sistemas bancários relativamente sofisticados, ou assumiu o controle dos bancos centrais locais e implementou uma taxa de câmbio mais favorável ao reichsmark. Ou então a ocupação nazista simplesmente imprimiu para si e passou a gastar enormes quantidades dos valores da moeda costumeira do país ocupado. Esse controle dos mercados de câmbio “convocou” todos os cidadãos dos países ocupados e os colocou a serviço da ocupação, criando um fluxo unidirecional de produção - um fluxo para fora dos países ocupados e para dentro da Alemanha.
Por alguns anos a Alemanha nazista teve um senhor déficit comercial. Mas, estando na posição de imprimir a moeda para a Europa ocupada, a Alemanha nazista nunca teve que cobrir esse déficit.
Como os Estados Unidos agora emitem a moeda de reserva do mundo, o dólar, passaram a “ocupar” economicamente a maioria dos países, mesmo os países que têm as suas próprias moedas, já que mesmo esses mantêm a maior parte de suas reservas cambiais em dólares .
O livre comércio, amplamente acessível, de ouro foi, é e sempre será uma ameaça à manipulação dos mercados de câmbio. Será sempre uma forma de escape de governos autoritários em geral e de qualquer governo autoritário, em particular. É por isso que muitos registros do governo dos EUA, compilados por GATA ao longo dos anos, discutem ou advogam abertamente ou descrevem como suprimir o mercado do ouro. Uma comunicação da Embaixada dos EUA em Paris para o Departamento de Estado em Washington, escrita em março de 1968, fala até sobre a necessidade das autoridades monetárias dos EUA de manter-se na posição de "senhores do ouro". Esse é também o motivo pelo qual as agências governamentais dos EUA, como o Fed, estão tentando desesperadamente impedir que outros documentos assim sejam divulgados.
Ou seja, o ouro representa o conhecimento secreto do universo financeiro e o seu valor real em relação a outras moedas é muito maior do que seu preço nominal hoje, já que grande parte do ouro que os investidores pensam que possuem na verdade não existe.
O trabalho do GATA é trazer esse segredo à tona. Rússia, China e outros países asiáticos descobriram que o sistema de reserva do dólar é o mecanismo de sua escravidão econômica e começaram a preparar sua libertação por meio de uma grande acumulação de ouro, antes que o ouro seja formalmente reinstituído como moeda de reserva mundial ou como um grande componente dessa nova moeda de reserva. Agora você também conhece o segredo. Esta maravilhosa conferência vai lhes dar muitas boas ideias para preparar-se e lucrar. Mas certifiquem-se de que, ao comprar metais preciosos, a compra seja de metal, não de papel. Caso contrário, vocês só vão estar sabotando a si mesmos.
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